Nove nadadores apurados para Tóquio, num misto de juventude e alguma veterania, conferem esperanças da melhor participação de sempre.
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Tirando Alexis Santos e Tamila Holub, todos os restantes sete nadadores apurados para Tóquio são estreantes nestas andanças olímpicas. E dois - Tiago Campos e Francisco Santos - são mesmo "verdes" em competições planetárias, o que denota bem a renovação de valores que a natação nacional vem conhecendo, e que lhe auguram um futuro risonho. Braga e Sporting, com dois nadadores cada, dão o maior contributo.
José Machado, DTN, tem uma interpretação curiosa para o facto deste aumento de participantes. "Nem tudo foi mau na pandemia. A olimpíada ter cinco anos deu tempo a três nadadores para crescer, atletas que sem esse tempo de maturação dificilmente estariam em Tóquio" confessa, referindo-se aos dois estreantes já citados e a José Paulo Lopes, do Braga. "Por outro lado nestes cinco anos houve um conjunto de nadadores que assumiu quase de modo profissional a natação. O compromisso foi enorme e isso reflete-se nos oito mínimos A que a natação conseguiu alcançar, mesmo com os critérios de apuramento a apertarem, o que contrasta claramente com o Rio, onde se conseguiram apenas três", explica.
Com os pés bem assentes no chão, José Machado sabe que "as finais ainda não estão ao nosso alcance". O que não invalida que não haja muita ambição: "No Rio repetimos uma meia-final, que fugia há 35 anos" (Alexis Santos nos 200 estilos). No último Mundial tivemos sete presenças entre os 16 primeiros. É sintomático. Acredito que em Tóquio há três ou quatro provas onde isso pode repetir-se, assim os nadadores se superem".
Dos cinco nadadores portugueses presentes no Rio"16 só sobram dois. Em compensação entraram sete de novo o que é revelador de uma enorme renovação operada nos cinco anos da olimpíada
Na frente das expectativas estão, naturalmente, os 200 estilos de Alexis Santos (ou Gabriel Lopes?), os 200 mariposa de Ana Catarina Monteiro, os 800 e 1500 de Tamila Holub (a única a qualificar-se em duas provas e ainda por cima com dois mínimos A naquele que terá sido o melhor ano da carreira) ou os 10 kms de Angélica André.
Mas nem tudo correu de feição no apuramento, ressaltando três nomes categorizados que ficaram fora. Victoria Kaminskaya e Miguel Nascimento, do Benfica, e o sportinguista João Vital. Favoritos num primeiro momento, as atuações foram "murchando" ao longo da olimpíada "muito à medida que as expectativas aumentavam. Lidar com essa pressão de ter que conseguir o tempo é terrível e alguns não conseguem" remata José Machado.
A partida para o Oriente deu-se anteontem ainda que não tenha sido direta a Tóquio. Até dia 18 os nove atletas estagiam longe do burburinho dos Jogos, mais concretamente em Nagasaki, situada a mais de 1200 kms de Tóquio. Só depois rumam à capital nipónica, com a estreia agendada apenas para o terceiro dia de competição de natação (dia 26), com os 1500 metros livres de Tamila Holub.