Antigo atleta de futebol americano foi julgado e absolvido pelo duplo assassinato da sua ex-mulher Nicole Brown Simpson e do seu amigo Ron Goldman, em 1995
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O.J. Simpson, antigo atleta de futebol americano, morreu na quarta-feira aos 76 anos, em Las Vegas, nos Estados Unidos, vítima de cancro.
"No dia 10 de abril, o nosso pai, Orenthal James Simpson, sucumbiu à sua batalha contra o cancro. Ele estava rodeado pelos seus filhos e netos. Durante este período de transição, a sua família pede respeito pelo seu desejo de privacidade", pode ler-se numa nota publicada nas redes sociais do ex-atleta.
A notícia foi confirmada pela família da antiga estrela da NFL, cuja carreira ficou manchada pelo polémico julgamento em que foi absolvido pelo duplo assassinato da sua ex-mulher, Nicole Brown Simpson, e do amigo Ron Goldman, em 1995, num caso que gerou reações à escala global.
Em 2008, Simpson foi condenado por um assalto à mão armada num hotel/casino de Las Vegas, cumprindo nove anos de prisão até que a justiça norte-americana lhe concedeu liberdade condicional, em 2017.
“Não sou negro, sou O. J.”, costumava dizer o antigo "running back", figura maior durante vários anos da Liga Norte-americana de Futebol (NFL), o que lhe proporcionou fama e fortuna, tendo-lhe mesmo aberto as portas de uma nova carreira, de ator, em Hollywood.
A queda abrupta de O. J. Simpson, na década de 1990, foi transmitida em direto na televisão, que acompanhou a perseguição policial que conduziu à sua detenção e seguiu depois, avidamente, todas as incidências do "Julgamento do Século", monopolizado pela componente racial.
Apesar da absolvição em 1995, um caso cível separado condenou-o, dois anos depois, a pagar 33,5 milhões de dólares aos familiares de Brown e Goldman, pela responsabilidade nas suas mortes, um valor avultado que os advogados ainda lutam para que as famílias das vítimas possam receber.
Mais tarde, viria a passar nove anos encarcerado no Nevada, por assalto à mão armada e outros delitos, saindo em liberdade condicional em outubro de 2017.
O primeiro running back a correr mais de duas mil jardas numa temporada, famoso pelo tempo nos Buffalo Bills, esteve décadas debaixo do olho mediático e da opinião pública, com a absolvição como tema principal, considerando o próprio que a maior parte dos norte-americanos "não acredita" que tivesse cometido os homicídios.
"Morreu sem fazer penitência", disse hoje o advogado David Cook, que representa a família Goldman em busca do devido após o caso cível.
O pai de Ronald Goldman, Fred Golman, reagiu entretanto à NBC News, dizendo que esta "não é uma grande perda para o mundo, só mais uma lembrança da morte de Ron".