Em Frazão, Paços de Ferreira, o desafio é correr no dia a seguir ao Natal. Os trilhos são bonitos e relativamente fáceis para ajudar a desbastar os exageros à mesa da quadra. A edição deste ano angariou fundos para uma ambulância
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Não é costume, mas a própria data de uma prova pode ser a notícia, como é o caso do trail “O Natal Passa a Correr”, realizado em Frazão, no passado dia 26 de dezembro. Não é gralha, a prova de 14 quilómetros e a caminhada de 10 que percorrem os trilhos de Frazão, em Paços de Ferreira, foram realizados no dia a seguir ao Natal, data em que normalmente as famílias se extenuam na preguiça do sofá.
O impertinente desafio partiu da Delegação da Cruz Vermelha de Frazão que viu repetir o sucesso da edição de estreia de 2023. No ano passado foram cerca de 1000 os participantes e desta vez regressaram com mais companhia, elevando os números para cerca de 1300, sendo que 300 deles decidiram-no fazer na corrida.
Em nome dos superiores interesses do jornalismo, adiamos o incómodo de exterminar as sobras da consoada para acompanhar a prova e não ficamos arrependidos de ter madrugado. Trilhos bonitos, bem limpos, rápidos e sem desníveis acentuados que possam importunar em demasia os exageros de véspera. Conheceram-se pontos interessantes como o parque dos Moinhos da Arreigada, a Casa da Quinta, o Centro Cívico de Frazão e o Auditório Ermelinda Cunha Castiça e algumas levadas de água, numa tentativa de aliar o desporto à cultura e à tradição local.
O espírito da prova está bem adequado à data, como explica Joaquim Sérgio, responsável da organização. “O nosso concelho tem muita indústria e nesta altura das festas as fábricas estão fechadas. Houve um ano em que fui com a minha família fazer uma caminhada pelas redondezas, no dia 26, e reparei que havia muitas outras a fazer o mesmo. A ideia é fazer uma coisa suave, orientada para a convivência familiar”, explica o presidente da delegação da Cruz Vermelha de Frazão e da Junta de Freguesia qua também tem a corrida como desporto.
Os modos de bem receber dos cerca de 70 voluntários que dinamizaram a organização foram fáceis de verificar em todo o evento, mas a farta mesa do abastecimento final deixou-nos surpreendidos. “Temos duas apostas fortes: o caldo típico de lavrador, com carnes fumadas, as bifanas e o porco no espeto”, explica Joaquim Sérgio. Acrescente-se ainda a cerveja, sumos e bolos. Se o objetivo é dar uma trégua ao estômago pense bem se quer entrar no pavilhão depois de cortar a meta. Nós fomos à procura de experiência completa...
O evento deste ano correu sobre o lema “Corre por uma ambulância”, tendo sido angariados cerca de vinte e cinco mil euros entre inscrições e muitos patrocínios de uma terra colaborante. Atendendo a que a viatura pretendida custa 50 mil euros, um quarto do valor já foi angariado.
Já está prometida nova edição para 2025 pelo que não se esqueça de guardar um espacinho na barriga e na agenda: 26 de dezembro.