Tenista português inicia esta semana a nova época no ATP Tour e, a O JOGO, antecipou o desejo de melhorar o nível e acabar no top-30
Corpo do artigo
Nuno Borges, maiato de 27 anos, destacou-se no ano agora a findar e a experiência adquirida ao mais alto nível cria entusiasmo para 2025.
Encerrando o ano no top-40, a pré-época teve maior exigência e mais trabalho específico?
-Com o ranking com que termino o ano a responsabilidade aumenta e sinto que tenho de ser ainda mais profissional. É nos detalhes que se marca a diferença, já que o básico está automatizado e foi trabalhado muitas vezes. Com trabalhos mais específicos, haverá pequenas coisas que não se vêm na televisão e que farão grande diferença no meu jogo, para o nível dos encontros que espero disputar.
Está próxima a defesa, na Austrália, dos primeiros oitavos de final num Grand Slam e de 200 pontos. A responsabilidade aumenta ou é um novo processo?
-É muita pressão. São 200 pontos, é muito ponto. O Open da Austrália traz memórias e sensações muito boas, mas será um torneio totalmente diferente. Não posso cometer o erro de tornar as expectativas muito altas. Vou tentar aprender com o passado. É uma etapa diferente, os adversários provavelmente não vão ser os mesmos, as condições climatéricas não serão as mesmas, os courts podem ter sido pintados e pode haver alterações na rapidez. Vou procurar as grandes sensações que tive há um ano, usando a confiança a meu favor, por que não é realista esperar que saia tudo bem.
Depois de conquistar um ATP250, ganhar um 500 é o próximo passo?
-Um ATP500 é duas vezes mais difícil de ganhar do que um ATP250, apesar de só distribuir o dobro dos pontos. Envolve mais jogadores do top-10, o quadro fica sempre mais recheado e claro que adorava poder arriscar a vencer um torneio desse nível, mas não sinto que seja esse o meu próximo passo. Quero é continuar a jogar bem nos grandes torneios e no circuito em geral. Vou à procura de estar sempre bem para o torneio seguinte.
No arranque da sexta época como profissional, ainda há algo na bagagem trazida dos quatro anos no circuito universitário?
-Houve muita coisa que aprendi no College e que me fez crescer, principalmente como pessoa, e que vou levar para o resto da vida. Tornou-me mais independente, mais responsável. Nesse sentido, fiz bem em sair de casa, aprendi muitas lições de vida e não só. Quanto ao aspeto competitivo, aprendi a lutar pelos pontos sem largar o osso.
“A respiração é uma ferramenta a utilizar dentro e fora do court”
Nuno Borges é um dos atletas que trabalham a respiração, para alguns uma espécie de nova espiritualidade. “Não sei muito bem como responder a isso”, diz, explicando: “O meu trabalho mental envolve muito a respiração e através dela conseguimos controlar imensa coisa. Como saber lidar com o stress e a pressão, para ajudar a manter-me mais calmo na tomada de decisões e estar mais tranquilo no geral. Tudo isso consegue-se, pura e simplesmente, com uma respiração controlada. Agora se tem a ver com a espiritualidade, se calhar já transcende o meu tópico e aquilo que sei, sendo notório que tem vindo a ser cada vez mais valorizada, mas não é algo super pioneiro. Vejo cada vez mais a respiração como uma arma, uma ferramenta a utilizar dentro e fora do campo”.
Borges faz 100 semanas no top-100
Subir a fasquia e criar raízes no top-30 é pedir muito?
-Há quem pense que, depois de instalado no top-100, só interessa trabalhar na manutenção. Puro engano. Assim que parámos de procurar melhorar e subir, começa-se a descer e é difícil manter o nível. Temos de estar sempre em busca de melhorar. O top-30 é a conversa do costume. Tenho de estar pronto para as oportunidades, mas não é uma linha reta sempre a subir. Há descidas, por lesões e momentos de menor confiança. Pedir o top-30 não é exagerado na posição em que estou, mas terei muitos pontos a defender, nunca está nada está garantido e vou ter de lutar muito. Trabalho para continuar a subir e posso elevar um bocadinho a fasquia para 2025.
“Estranho falhar o Estoril”
Em maio, só joga o Millennium Estoril Open se perder cedo no Masters de Madrid. Soa a estranho?
-Sem dúvida. Será um ano atípico para o nosso Estoril e, com o ranking que vou tendo, sou obrigado a jogar em Madrid. Vou lá dar o litro, apesar de ainda não ter sido feliz, mas pode ser que seja o melhor ano lá. Será estranho não ir ao Estoril, mas, havendo a possibilidade, jogarei um torneio muito importante para mim e para os portugueses.