Agenciamento de jogadores, transmissões televisivas e equipamento low cost são a aposta de em empresário que pretende mudar uma modalidade de enorme tradição em Portugal
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Chama-se Neivasport e é um projeto acabado de chegar ao hóquei em patins, que procura transformar a modalidade num negócio vendável, incrementando o espetáculo e proporcionando maior retorno a quem investe. Agenciamento de jogadores, equipamento low cost e transmissões televisivas são as principais apostas numa primeira fase. Miguel Dominguez, empresário, de 49 anos, ligado à área da consultoria, é o rosto por trás deste plano de ataque ao hóquei. "Não é um projeto de paraquedistas para ganhar meia dúzia de cobres e sair daqui a três anos. Não é uma aposta de curto prazo. Só há uma forma de se ganhar dinheiro no hóquei: é aumentar as receitas e as empresas conseguirem investir na publicidade. Hoje em dia as empresas não investem, dão donativos aos clubes. O hóquei tem de chegar a mais público", começou por dizer o empresário sediado de Viana do Castelo, CEO do Neivagest Group. "Em criança tinha sticks de madeira para jogar e sou um amante deste desporto. Hoje, tendo conhecimento da forma amadora como este, propus-me a um desafio de longo prazo", explicou.
Reinaldo Ventura e Pedro Gil na carteira de jogadores
Já com nomes como Pedro Gil, Reinaldo Ventura, Rui Neto, Dario Gimenez, Reinaldo Garcia, Gonçalo Neto, Diogo Casanova, Kilian Gil, Marc Torra e Bruno Guia na sua carteira de agenciados, Miguel Dominguez esclareceu. "Estamos a agenciar jogadores, mas não é só negociar e receber comissão. A nossa visão não é essa, é dar apoio financeiro, de gestão de carreira; há jogadores a ganhar entre 60 a 100 mil euros/ano e é preciso ajudá-lo a gerir a carreira. Três em cada cinco desportistas profissionais têm dificuldades financeiras quando acabam carreira. Queremos ajudar com apoio jurídico,; há muitos que assinam sem saber o que é. É um apoio contínuo ao jogador".
A gestão de clubes e o exemplo do padel
Entrar na gestão de clubes é ainda outra das metas do Neivasport, que "está a desenvolver um software com vários módulos, incorporando uma gestão que passa pela formação, dando em tempo real informações profissionais aos clubes, tendo por base a mesma ideia das estatísticas através de esqueletos por GPS". À Federação de Patinagem de Portugal foi apresentado o projeto que procura seguir o modelo do padel relativamente às transmissões televisivas: "Queremos ajudar os clubes mais pequenos, trazendo mais receitas ao campeonato; tem de ser passo a passo. Temos de saber vender o hóquei. A nossa proposta é semelhante à do padel, que trabalha numa plataforma de sinal aberto de You Tube, tem produção e comentadores, virado para o espetáculo; por exemplo, numa transmissão não se vê o cronometro coordenado com a transmissão e é simples de fazer através de uma pequena aplicação; num jogo não se sabe quantos remates ou quantas assistências existem. Não há interação, há poucas repetições, não há espetáculo. Isso tem de mudar. Quando se consome tem de se ter uma produção que puxe pelo espetáculo. E o You Tube tem a vantagem de se ligar a uma smart tv para ver televisão com qualidade".
Equipamentos a baixo custo para a formação
"As apostas são o que movimenta mais dinheiro e a única forma das casas de apostas entrarem nesta modalidade é a transmissão de todos os jogos. É o primeiro passo necessário a ser dado. Queremos começar numa plataforma diferente, ganhando público, ganhando publicidade. É uma bola de neve, não é um caminho fácil, mas estamos dispostos a arriscar", acrescentou Miguel Dominguez, também com a intenção de produzir material vocacionado para as camadas jovens: "Uma das amarras ao desenvolvimento é o custo de equipamentos. E falo da formação. Um pai para meter um filho no hóquei só para o equipar gasta 1200 euros. São obstáculos ao desenvolvimento. É possível fazer material de hóquei a um custo mais barato, sem tirar qualidade. Não falo na mesma qualidade das grandes marcas, mas retirar 60% do preço. Nós não vamos para o segmento das grandes marcas, queremos uma marca mais barata, com eficiência ligeiramente abaixo para formação".
Numa segunda fase, "a organização de provas também está no horizonte".