ENTREVISTA O JOGO, PARTE I >> António Areia é lisboeta, onde nasceu há 34 anos, no dia 21 de junho de 1990. Depois de oito épocas no Benfica, mudou-se para o FC Porto, cidade onde conheceu a mulher, foi pai e se sagrou tetracampeão nacional
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António Areia vai jogar em França, no Tremblay, após quase uma década no Dragão.
Quando chegou ao FC Porto, imaginou ficar nove temporadas?
-Imaginava que tinha condições para fazer um percurso bonito no FC Porto. Sabendo da hegemonia que tinha, quando cheguei ao clube o meu objetivo era perceber o que o diferenciava dos outros. Sabia que tinha uma responsabilidade grande de continuar com esse histórico de vitórias e de títulos e era essa responsabilidade que eu queria abraçar. Se imaginava que seriam nove épocas? Não. Não imaginaria que seriam tantas. Mas ainda bem que foram.
Agora que saiu, pensou que até poderiam ter sido mais?
-Depois de tantos anos, cheguei a uma altura em que imaginei acabar aqui. Houve um momento da minha carreira em que sonhei jogar numa das ligas mais fortes do mundo, mas foram-se dando renovações no FC Porto, as coisas iam correndo muito bem, tínhamos tanto êxito que o que queria mesmo era escrever mais páginas de história pelo FC Porto.
Disse que imaginava acabar no FC Porto, mas vai jogar para França...
-As circunstâncias deste ano não o permitiram. Praticamente fui eu que tive de tomar a decisão. Tive de voltar ao objetivo anterior, que se dá com outra idade.
É verdade que uma das razões para ter aceitado o convite do FC Porto foi querer ser treinado por Obradovic?
-Depois de ver uma equipa ser campeã seis vezes seguidas... Tinha de haver algo especial. Era o treinador que na altura ganhava e é verdade que gostaria de ter sido treinado por Obradovic. Não aconteceu, o meu primeiro treinador foi o Ricardo Costa e, hoje em dia, estou muito grato por isso; foi uma pessoa que me marcou, que me ensinou coisas incríveis e me ajudou bastante a crescer como jogador.
António Areia fez parte da geração que foi medalha de prata no Campeonato da Europa de sub-20, na Eslováquia
Ao cabo de nove temporadas, o FC Porto tem algum significado especial para si?
-Desde logo a cidade e a nível pessoal, porque as minhas filhas nasceram no Porto, são portuenses. A minha mulher também já vivia no Porto há muitos anos. Ela nasceu em França, veio viver para Amarante e depois para o Porto, conhecia-a cá.
E o FC Porto?
-Desde o primeiro dia fui tratado de forma excecional. Sinto que criei uma empatia muito grande com os adeptos, que são fervorosos e muito apaixonados pelo clube. Trataram-me sempre muito bem. Não sei se teve a ver com o facto de ter vindo de onde vim...
Vinha do Benfica...
-Talvez no início possa ter tido a ver um bocadinho, mas eu não queria ser o jogador que veio do Benfica. Eu queria ser alguém com marca no FC Porto e, modéstia à parte, creio que o consegui. Defendi este símbolo até à exaustão, dei tudo por estas cores. Quando me falam no FC Porto há muitos sentimentos envolvidos.
"Eu considero-me pentacampeão"
“Oficialmente só ganhei quatro campeonatos no FC Porto, mas eu considero-me pentacampeão”, disse António Areia de forma convicta a O JOGO.
“Estamos a falar do ano da covid, em que a Federação não atribuiu o título, mas as melhores ligas do mundo atribuíram-no; e nós estávamos em primeiro lugar na altura. De facto, só tenho quatro campeonatos, mas para mim é como se tivesse cinco e isso nunca ninguém me vai tirar da cabeça”, acrescentou.