Tenista espanhol é um embaixador da Arábia Saudita e, no penúltimo torneio da carreira, competiu pela primeira vez, ainda que de forma não oficial, no país do Médio Oriente
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Depois de ter competido com nomes como Carlos Alcaraz e Novak Djokovic no Six Kings Slam, um torneio de exibição na Arábia Saudita, o penúltimo da sua carreira, Rafael Nadal, que é embaixador da Federação de Ténis daquele país do Médio Oriente, justificou esta segunda-feira essa ligação.
Em entrevista ao jornal As, o lendário tenista espanhol, vencedor de 22 “Grand Slams” na carreira, admitiu que compreende a “controvérsia” de se associar a um país criticado internacionalmente pelo desrespeito aos direitos humanos, mas justificou-se dizendo que, para além do dinheiro envolvido, pretende ajudar a melhorar esse tipo de situações.
“Eu respeito todas as opiniões, sempre e quando também respeitam as minhas. Pagam-me para vir aqui? Sim, mas não há que perder a perspetiva. Vens aqui e no que acreditas? Que fazes bem ou mal? Porque o único problema, no final, é que cobras por isso. Porque, realmente, indo para aqui, ajudas o país. Os que falam de uma maneira tão drástica contra o país, muito bem. Então, que querem? Que continuem mal, que continuem a ter o país fechado, com mais desigualdade? Só há uma realidade”, refletiu.
“No final, nós ao virmos aqui fazemos com que haja eventos e venham turistas, coisa que não acontecia há quatro ou cinco anos. Não nos enganemos, a pessoas chamam-no ‘sportswashing’ e claro que há uma parte disso, mas a outra parte é que realmente, graças a tudo isto, todas as pessoas que estavam fechadas neste país e que não tinham sido capazes de ver um mundo diferente, graças a todos os turistas que têm vindo, a todos os eventos que estão a fazer aqui durante o ano, veem outro mundo, outras culturas e têm a capacidade de realmente avançar. Não tenho qualquer dúvida de que as pessoas que fazem eventos aqui, de qualquer âmbito, fazem bem ao país”, prosseguiu.
Nesse sentido, apesar de admitir que a Arábia Saudita “ainda tem um longo caminho” para fazer antes de a sua sociedade poder ser comparada às do Ocidente, Nadal reforçou que a promoção de desportistas famosos sobre o país só ajuda no acelerar dessa evolução.
“Aqui ainda estão atrasados no tempo quando comparado com o Ocidente. O que se passa é que o prisma que temos é diferente daquele em que eles vivem. Porque, no final, eles vivem como fizeram durante toda a sua vida. As mudanças não podem ocorrer de hoje para amanhã a 100 por cento, porque a sociedade não está preparada para uma mudança radical. Nenhuma sociedade esteve na história, essa mudança tem de ser progressiva. Eu creio que todas as coisas que estão a ocorrer no país fazem com que essa mudança, em vez de ocorrer em 50 ou 60 anos, ocorra num tempo muito inferior. E creio que isso, de alguma maneira, apesar de todas as críticas, vale a pena. Assumo a crítica e respeito-a", concluiu.