Mundiais da China arrancam esta madrugada, marcados pela batalha legal que pode mudar o desporto. Os atletas querem ser livres de alinhar em competições privadas.
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Três dos principais atletas da atualidade processaram a Federação Internacional de Natação (FINA), em vésperas do Mundial de piscina curta, acusando-a de violação das leis da concorrência e solicitando uma indemnização por perdas e danos. A húngara Katinka Hosszu e os americanos Michael Andrew e Tom Shields acusam a FINA de violação da Lei Sherman (a que regula a concorrência nos EUA), ao pressionar a federação italiana e originar o cancelamento da Energy for Swim, uma competição que deveria ocorrer nos próximos dias 21 e 22, juntando várias das maiores figuras da natação mundial - já havia 51 inscritos - e prometendo prémios de participação e de resultados milionários.
Depois de ter ameaçado com pesadas sanções quem alinhasse na prova - um a dois anos de suspensão -, a FINA manteve-se irredutível no direito de não permitir a realização da prova, alegando que o pedido não fora feito com os obrigatórios seis meses de antecedência.
Na verdade, temia o esvaziamento do Mundial de curta, que se inicia esta madrugada em Hangzhou, e uma futura fuga de talentos para provas de outras organizações. A prová-lo, o facto de ter duplicado os prémios para as provas que esta semana decorrem na China. Mesmo assim, haverá enormes diferenças: as finais do Mundial valerão entre dois e 13 mil euros (com recorde do mundo), o meeting privado teria 700 mil para distribuir pelos atletas.
Os três nadadores que vão para tribunal são apoiados pelo multimilionário ucraniano Konstantin Grigoristin, proprietário da companhia Energy, que patrocinaria o evento, e acionaram a FINA no Tribunal Distrital da Califórnia, pedindo uma indemnização a fixar mais tarde mas, sobretudo, que o organismo deixe de ter um regime de exclusividade na organização de provas mundiais, impedindo-o de "interferir ilegalmente de qualquer forma com a capacidade de qualquer pessoa ou entidade organizar competições de natação", bem como "de aplicar quaisquer sanções contra os nadadores ou federações membros da FINA que participem em tais competições".
O pedido não é inédito: há um ano, a União Europeia deu razão aos patinadores de velocidade que tinham sido banidos pela sua federação internacional por terem competido num evento comercial.
"A minha paixão é levar a modalidade numa direção em que os nadadores sejam parceiros e não umas marionetas" - Katinka Hosszu, tricampeã olímpica
Portugal na China com os melhores
Os Mundiais de piscina curta (25 metros) iniciam-se esta madrugada e estendem-se até domingo na cidade chinesa de Hangzhou, contando com uma Seleção Nacional de luxo. Os dez nadadores levaram a esperança de uma prestação mais risonha do que a de há dois anos, no Canadá, onde só foram a três meias-finais.
Agora, é expectável "que todos consigam classificações dentro dos 16 primeiros", assume sem rodeios o DTN, José Machado.
Portugal conta com Ana Catarina Monteiro (Vilacondense), Diana Durães, Victoria Kaminskaya e Miguel Nascimento (Benfica), Raquel Gomes Pereira (Algés), Tamila Holub (Braga), Alexis Santos e João Vital (Sporting), Diogo Carvalho (Galitos) e Gabriel Lopes (Louzan).
Atendendo à diferença horária, as finais são na manhã portuguesa (11h00) e as eliminatórias de madrugada (1h30).