Ciclista da Glassdrive-Q8 é apontado como maior favorito nesta 83.ª edição da Volta a Portugal, mas apresenta-se cauteloso.
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Nascido em Salto, há 27 anos, tendo o pai sido ciclista olímpico, Mauricio Moreira cumpre a segunda época em Portugal, mas tem competido pouco, pois adoeceu com covid-19 pela segunda vez e sofreu com uma tendinose num joelho. Até há uma semana, quando voltou para ganhar o GP Anicolor, "Mauri" estava desacreditado e via "tudo escuro". Na véspera do arranque da Volta, e já em Lisboa, conversou com O JOGO.
É um dos favoritos à vitória da Volta?
-Acho que sim. Para a equipa, sou um candidato à partida. Posso ser o favorito inicial para muitos, mas o que conta é o dia 15, o do contrarrelógio. Prefiro esperar.
A maioria das equipas aponta-o como o candidato. Como lida com isso?
-Não penso muito. Todos somos seres humanos e podemos falhar. Tanto pode correr tudo bem, como pode não correr. Se for de encontro às expectativas das pessoas - os adeptos querem que ganhe, eu também -, melhor. Se não, que sirva como uma experiência para tentar vencer no futuro.
O ano passado foi de aprendizagem...
-Sem dúvida. O ano passado foi uma aprendizagem muito grande. Este ano já vinha com um pensamento diferente, mas, como já se sabe, não está a ser melhor. Posso dizer que só melhorou no Grande Prémio Anicolor, há uma semana. Mudou a perspetiva sobre como estava a ver esta Volta, mas isso não retira o facto de não estar como gostaria neste momento.
Sentia-se mais em forma no ano passado?
-Não sei se forma é a palavra correta, porque os treinos e as minhas sensações não são más. São as mesmas do ano passado. O que muda é a confiança. Não é o mesmo começar a Volta com seis vitórias e essa confiança de que estava bem e este ano ter só praticamente dez dias de competição e uma vitória. Não está a correr como gostaria. A confiança é importante, mas isso também se pode ganhar com o passar dos dias.
Depois do GP O JOGO, o que aconteceu?
-Voltei a ter covid. Pensei que seria mais fácil, mas não, foi pior. E tive uma recaída na tendinose num joelho, que foi o que mais me limitou.
Como se sentiu no GP Anicolor?
-Foi uma mudança completa neste ano, porque até então estava a ver tudo muito escuro, sem boas perspetivas. Quando treinava ou quando tinha dias melhores a competir, não conseguia ter aquela confiança. No GP Anicolor, as sensações foram boas e tento tomar isso como um ponto final num ano tão difícil. Espero que agora corra tudo bem.
Com este ano tão difícil e outros calvários que já teve, acha-se um ciclista azarado?
-Não sei... Todos temos anos bons, anos menos bons e também temos que reconhecer os erros. Este ano estou a pagar pelo erro que cometi na pré-temporada, de não descansar. Não parei de treinar, não dei ao corpo o descanso que merecia. O vírus não foi por isso, mas as outras doenças podem ser, por não ter descansado o necessário. Tudo se aprende e, com certeza, não vou cometer o mesmo erro outra vez.
Quem são os principais adversários?
-Vai ser uma Volta muito aberta. Temos muitos rivais. Quase todas as equipas têm um candidato. Os que estiveram na frente no ano passado como o [Alejandro] Marque, que foi terceiro, podem andar bem. Os estrangeiros também. Mesmo dentro da equipa, temos o Fred [Figueiredo] e o António Carvalho. Se Deus quiser, a Volta pode ir para um dos três.
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