Milionários geraram crise: equipas do World Tour procuram novos patrocinadores
Equipas World Tour subiram orçamentos em 200 milhões e patrocinadores mais pequenos estão a sair
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O orçamento das 18 equipas do World Tour aumentou de 379 para 570 milhões de euros anuais entre 2021 e 2025. Este crescimento acentuado está a gerar uma crise inesperada, pois na última Volta a França havia 15 equipas – entre 23 – a procurar novos patrocinadores, algumas delas com dificuldades aparentemente difíceis de explicar: a Arkéa vai perder a B&B Hotels e a Alpecin ficará sem a Deceuninck, tendo ambas resultados que deveriam despertar o interesse de grandes empresas. Já a Intermarché e a Lotto arriscam desaparecer e até a histórica Quick-Step pode deixar a “alcateia”, que apoia desde 2003. Sendo esta uma crise gerada pela abundância, a lógica nem sempre funciona.
Na recente Volta a França, 15 das 23 equipas procuravam novos patrocinadores. É um alerta sério, mas a crise foi gerada pelos grandes, como UAE Emirates, Lidl-Trek, Visma e Red Bull-Bora.
A francesa Arkéa é a mais barata das equipas World Tour, gastando 17 milhões de euros. Apesar dos bons resultados de Kévin Vauquelin (sétimo no Tour), tem apenas sete vitórias. A belga Alpecin, estando a meio da tabela dos gastos, com pouco mais de 25 milhões, conta 13 triunfos, mas incluindo Milão-Sanremo, Paris-Roubaix, três etapas no Tour e uma no Giro. A equipa possui as estrelas Mathieu van der Poel e Jasper Philipsen, com contratos até 2028, e debate-se para os segurar face ao poder dos rivais.
Se o número de 570 milhões apurado pela União Ciclista Internacional (UCI) a levou a apontar uma média de 32 milhões por equipa, esse valor nada significa. Os orçamentos dispararam porque a UAE Emirates vai em mais de 60 milhões anuais, o acrescento da Red Bull à Bora-hansgrohe colocou a equipa alemã nos 50 milhões – e capaz de aplicar dois deles para “comprar” Remco Evenepoel à Quick-Step –, a Visma-Lease a Bike andará pelos 45 e a Lidl-Trek já alcançou a Ineos, outrora a “milionária” do pelotão, na casa dos 40 milhões. O dinheiro vale estrelas e estas rendem vitórias, por isso a UAE já vai nas 68 (a caminho de bater o recorde absoluto numa época), a Lidl-Trek nas 36, a Visma tem 23, a Ineos 22 e a Red Bull soma 19.
“Há busca de patrocínios porque todos querem aumentar os orçamentos. Mas talvez o ciclismo esteja a ir longe demais. Em equipas como UAE, Bahrain e Astana, apoiadas por países, o orçamento é quase ilimitado”, denuncia Cédric Vasseur, manager da Cofidis. Já Brent Copeland, da Jayco-AlUla, defende um teto orçamental, “pois patrocinar o ciclismo vai começar a ser mais caro do que futebol, Fórmula 1 ou MotoGP e as empresas podem fugir”. Essa solução, refira-se, já está a ser estudada pela UCI.