Rui Machado, o treinador, está embevecido com Nuno Borges no US Open, onde o atleta iguala os oitavos de final de Melbourne, após salvar três match points seguidos
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A meio da semana passada, Nuno Borges não escondia que atuar nos Estados Unidos é mais do que uma paixão. Na origem, estão os quatro anos de frequência da Universidade do Mississípi, o primeiro lugar no ranking do circuito universitário e, nestes últimos dois anos, os títulos em Phoenix, no mais forte Challenger do calendário. Na jornada de sábado do US Open, concluída dentro da nossa madrugada de ontem, o Lidador ganhou mais uma batalha em solo yankee. Talvez a mais saborosa de todas nos hardcourts em que o seu jogo tem mais perfume e exala compromisso. A terceira vitória no quinto set de um Grand Slam foi uma “grande montanha-russa”, como desabafou, depois de soltar as amarras para alcançar “uma grande, grande vitória”.
Maior ainda ao ser arrebatada ante o checo Jakub Mensik (65.º), que ontem fez 19 anos, é o melhor sub-21 do mundo e não tinha a responsabilidade do 34.º jogador do ranking, oito anos mais velho. Borges evitou três match points consecutivos, virou de 3/6 para 8/6, no tiebreak do quarto set que era obrigado a ganhar e podia ter fechado muito mais cedo, por 6-2 (dois set points). Impôs-se 6-7 (5/7), 6-1, 3-6, 7-6 (8/6) e 6-0, em 3h52.
Entre os predicados do maiato, o mais impressionante é o controlo das emoções. Filho único do casal Virgínia e Paulo, foi instruído para, antes de ser profissional da sua paixão, obter um diploma académico. Tendo uma licenciatura no estudo dos movimentos do copo, terá tido cadeiras que reforçaram a ideia de mente sã em corpo são. “O ténis é um desporto muito mental e, nesse capítulo, o Nuno é dos melhores do mundo!”, clarificou Rui Machado a O JOGO. E deu mais um par de exemplos a propósito desta virtude patente no triunfo sobre Mensik: “O Nuno não aproveitou algumas oportunidades ao longo do encontro, mas nunca baixou os braços e, salvar o quarto set, foi determinante na força anímica com que jogou o último”.
“Oitavos” Russo em alerta
Próximo adversário de Borges, Daniil Medvedev, de 28 anos e quinto do ranking que liderou em 2022, é o único campeão do US Open (2021) em prova. A propósito das derrotas de Alcaraz e Djokovic antes dos oitavos de final, o moscovita da Riviera francesa reagiu: “As surpresas não têm grande importância, temos é de ser mais cautelosos; se jogar bom ténis, posso ganhar a todos, caso contrário, posso perder com qualquer um”.