McGregor quer voltar à UFC como presidente da Irlanda, mas será "improvável"
Sem competir desde 2021, o antigo campeão de UFC colocou a carreira em pausa enquanto decorrem as eleições presidenciais da Irlanda. Se for eleito, garante que fará um regresso estrondoso aos combates, mas dois especialistas avisam que o mais provável é nem conseguir concorrer ao cargo
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Conor McGregor anunciou na quinta-feira que irá colocar a sua carreira de lutador em pausa enquanto decorrem as eleições presidenciais na República da Irlanda, até 11 de novembro.
À margem de um evento da Bare Knuckle FC, franquia de boxe da qual é coproprietário, o antigo campeão da UFC, de 36 anos, que não combate desde 2021, explicou que pretende concentrar-se na vida política após ter anunciado a sua candidatura à presidência da Irlanda com um projeto anti-imigração através do Instagram, já depois de um encontro na Casa Branca com Donald Trump.
“Tenho dois combates sob contrato [com a UFC], estou em negociações. Na semana passada, aconteceu-me uma coisa. Fui à Casa Branca e o meu coração está a sangrar pelo meu país neste momento. Então, há muita coisa a acontecer em casa. Estou contente com o que fiz. Neste momento, tenho outra motivação, por isso, é este o meu caminho. A excelência não é algo que se apresse”, afirmou.
Revelando que recusou recentemente uma proposta para lutar na Ilha de Alcatraz, em São Francisco, nos EUA, conhecida por albergar uma famosa prisão, “The Notorious” esclareceu ainda que, neste momento, não está a ponderar terminar a carreira na MMA, idealizando até um regresso estrondoso ao octógono mesmo que seja eleito presidente da Irlanda.
“Tenho todos os recordes de ‘pay-per-view', todos os recordes de bilheteira e o meu regresso será visto como o maior e mais esperado de todos os tempos. Por isso, tem de ser o mais acertado e, neste momento, estou a pensar na Irlanda. É lá que estou. ‘E agora, a entrar no octógono, o famoso Presidente da Irlanda... Conor McGregor!’ É em parte por isso que o quero fazer, para ser anunciado como presidente da Irlanda, claro que quero!”, imaginou.
Apesar desse entusiasmo, dois professores universitários da Irlanda explicaram à rede de televisão Euronews que o mais provável é que McGregor não consiga reunir o apoio necessário para poder concorrer oficialmente ao cargo de presidente do seu país.
Isto porque, para além de um candidato presidencial precisar de ter mais de 35 anos de idade, o que se verifica com o lutador, também é necessário que seja nomeado por 20 membros do Oireachtas, parlamento irlandês, ou de pelo menos quatro das 31 autarquias nacionais.
De acordo com Eoin O'Malley, professor de Ciência Política na Universidade da Cidade de Dublin, essa probabilidade, no caso de McGregor, é bastante “improvável” por se tratar de uma “figura demasiado controversa”.
Recorde-se que o lutador foi condenado em novembro por um tribunal civil de Dublin a pagar uma indemnização a uma mulher que o acusou de violação em 2018.
“Não existem 20 membros do Oireachtas que apoiem a sua candidatura”, vincou, numa convicção apoiada por Jennifer Kavanagh, professora de Direito na South East Technological University: “Este é o mais alto cargo do país. É a principal figura da Irlanda, pelo que criámos controlos de qualidade constitucionais”.
“A via parlamentar vai ser praticamente bloqueada por lealdades partidárias. Já o caminho autárquico é praticamente uma via livre para todos e já tivemos alguns candidatos muito peculiares no passado, mas lembrem-se, esse indivíduo não é muito popular na Irlanda. Pode parecer que é muito popular fora da Irlanda. Na Irlanda, não é assim tão popular. Não é certamente tão popular como certas plataformas de redes sociais gostariam de tentar fazer pensar a quem está de fora”, acrescentou.