Maria Gameiro e a etapa mais dura do Dakar: "Vimos pilotos lavados em lágrimas"
Portuguesa passou 29 horas a conduzir durante dois dias e diz que "sobreviveu" a uma etapa mais dura do que se imaginava
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“O que vivemos nesta etapa foi muito para lá do que imaginamos. Esperávamos uma especial muito dura, mas foi além disso. Acredito, e o que tenho ouvido por aqui confirma-o, que a organização terá levado um pouco longe demais o desafio. Vimos pilotos e navegadores a chegar ao fim da etapa lavados em lágrimas”, contou Maria Luís Gameiro, a única portuguesa que está a alinhar no Rali Dakar.
Estreando-se na prova mais dura do mundo aos 46 anos, na categoria dos Challenger, Gameiro está a doar um euro para a luta contra o cancro da mama por cada quilómetro que percorrer, e nos últimos dois dias somou 992, os mais duros que alguma vez viveu, pois demorou 29 horas a terminar a etapa.
“Outras equipas ficaram pelo caminho. Nós conseguimos sobreviver. Apesar das dificuldades, de oito horas sozinhos no deserto, dos problemas no carro que conseguimos resolver e apenas com uma hora de sono, acabámos. Como? Sinceramente, não sei!”, contou, com uma confissão: “Muitos dos mais experientes apontaram esta como a etapa mais dura de sempre do Dakar. Eu e o José Marques também chegamos ao fim da etapa invadidos por uma emoção tremenda. O sentimento de missão cumprida misturou-se com o cansaço extremo”.
Animada para ir até ao fim, a sua principal meta – é 36.º nos Challenger, a quase 47 horas do primeiro, tendo 27 de penalização -, diz que “não há muito tempo para recuperar energias, mas a organização encurtou a etapa de amanhã, o que nos poderá dar um pouco mais de descanso”. “Mas o cansaço não consegue diluir o sentimento de orgulho que sinto por ter vencido este desafio. Vivi algo que nunca tinha vivido até agora em competição. É tempo de olhar em frente e esta pequena vitória, a de ter sobrevivido à Etapa 2 do DaKar 2025, ninguém me tira.”