Novo líder do Giro é considerado um dos melhores escaladores de sempre do país.
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Confirmou-se o que tem sido tradição no Giro: chega a primeira montanha e muda a camisola rosa. As fugas têm tido espaço na quarta jornada da competição e, pelo terceiro ano consecutivo, a liderança alterou-se à quarta jornada.
Desta vez, foi Andreas Leknessund, da DSM, segundo no Lago Laceno a ficar com a distinção de liderar uma Grande Volta. O norueguês de Tromso faz 24 anos quando estiver em Bérgamo, na etapa 15 do Giro, e é um nome a ter em conta. Foi campeão europeu de contrarrelógio nos sub-23 e provou ser capaz de liderar em provas por etapas. Sem a pressão de uma camisola rosa, naturalmente.
Ainda assim, a Noruega curvou-se perante o novo ídolo, que depois de ganhar a Arctic Race de 2022, a corrida da casa, ganhou propensão para voar mais alto do que apenas apontar a etapas. É um líder cada vez mais completo e vai a teste nesta primeira semana de Giro, sabendo já que devolveu a liderança da Volta a Itália ao país, que já não o festejava desde 1981.
Nessa altura, o contrarrelogista Knut Knudsen ganhou o esforço individual inaugural e comandou a prova. Esse corredor viria a ser das maiores referências da Noruega. Basta dizer que é considerado um dos melhores escaladores da Noruega, país conhecido pelos sprinters e contrarrelogistas. Só em 1975 e 1981, por Knut Knudsen, o país liderou o Giro, ambas depois de esforços contra o relógio, somando, na carreira, seis vitórias no Giro. Knudsen foi campeão olímpico na perseguição em 1972, campeão mundial na pista na mesma disciplina em 1973 e ganhou 49 corridas na estrada, a maior delas o Tirreno-Adriático em 1979.
Depois, a Noruega teve várias figuras da modalidade, mas fundamentalmente sprinters e classicómanos, especialmente nas últimas duas décadas. Thor Hushovd, campeão do mundo em 2010, foi o primeiro norueguês a usar a amarela no Tour, prova onde ganhou dez etapas. Alexander Kristoff, ainda em ação pela Uno-X, é outro especialista em chegadas rápidas em grupos reduzidos. Ficará recordado pelas quatro etapas no Tour, mas pelas várias clássicas que conquistou: a Milão San-Remo de 2014 e a Volta a Flandres de 2015, dois monumentos, foram os pontos altos da sua carreira. Tobias Foss, em 2022, chocou o mundo ao ser campeão mundial de contrarrelógio, mas ainda está longe de convencer na montanha como se esperava desde a vitória na geral da Volta a França do Futuro, em 2019.
"Pensei ganhar a etapa, claro, mas do carro disseram-me que podia ser líder. Queria ganhar, mas sem forças para isso só pensei que a rosa seria incrível. Não pensei noutra coisa no final da subida. É incrível", disse Leknessund depois de subir ao pódio. A partir de agora, com 28 segundos para Remco Evenepoel, da Quick Step, a Noruega alimentará a esperança de ter a liderança mais alguns dias. Quem sabe se não repete os feitos de Juan Pedro López na última edição pela Trek ou de João Almeida, em 2020? O país sonha com um top-10 e com um novo trepador em ascensão. E não são só os 70 mil habitantes de Tromso, lá na ponta norte da Europa, que espreitam para a televisão. Um país está com Leknessund, a sonhar repetir a façanha da Dinamarca, que ganhou o Tour com Vingegaard.