O espanhol Alcaraz e o alemão Zverev criticam o excesso de encontros por temporada no ténis, mas quem manda é o dinheiro criando-se uma falsa questão
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A Rod Laver cumpriu a sétima edição no domingo, homenageia o australiano que ganhou duas vezes os quatro Grand Slams no mesmo ano (1962 e 1969), proporciona um encontro/reunião entre a seleção europeia e a do resto do mundo, não dá pontos para o ranking e é uma exibição que ocupa uma semana de um calendário sobrecarregado. O que não se esperava é que Carlos Alcaraz aproveitasse a ocasião para se atirar à dureza do calendário, tal como Alexander Zverev, que faz parte do Conselho dos Jogadores ATP.
Nas conferências de Imprensa que fecharam a semana da Rod Laver Cup, em Berlim, duas estrelas disseram que a quantidade de solicitações os prejudica física e mentalmente, mas não têm soluções.
Nos últimos anos, Rafael Nadal, um dos mais castigados pelas lesões na longa carreira, defendia a importância de “ouvir o corpo” e preparar a “mente para o pior”. O seu “sucessor”, Carlitos, 21 anos, diz que, “provavelmente, vão matar-nos de alguma forma”, disparando contra o calendário. Sem incluir a Taça Davis e a Laver Cup, o murciano jogou 17 torneios este ano e deve chegar aos 20, após 17 em 2022 e 19 no ano passado. “Tenho de aprender a gerir o calendário”, disse, justificando que “neste momento há muitas lesões e muitos bons jogadores a falharem torneios”.
“Por vezes, não queremos ir a um torneio e já me senti assim algumas vezes. Jogo melhor quando sorrio e desfruto no court”
Os tenistas são dos atletas mais bem pagos do desporto e galinhas dos ovos de ouro para quem explora o gigantesco mercado. Zverev não duvida que se “está a pôr em risco a saúde dos atletas”, considerando “inconcebível que a temporada comece a 29 de dezembro e termine a meio de novembro”.
Na resposta a um jornalista, sobre se esta Laver Cup serviu para abordar o caso ou criar alguma pressão nos organizadores, o alemão, não hesitou: “Para quê? O que interessa à ATP é tudo uma questão de dinheiro e os jogadores não têm poder de decisão”. Evitando mal entendidos, acrescentou: “Acho que a ATP está a trabalhar nisso, não é uma solução fácil, mas deve ser tomada”. Zverev, 27 anos, soma 23 torneios nesta altura do ano, tendo fechado a época passada com 27.