"Temos a delegação que é possível", refere o presidente do Comité Olímpico de Portugal
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O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) esperava uma Missão “mais extensa” em Paris'2024, mas remete um balanço para o final dos Jogos Olímpicos, embora esteja otimista que os objetivos estabelecidos serão alcançados.
“Esperava ter uma Missão mais extensa. Houve modalidades em que a nossa expectativa era que se pudessem apurar, desde logo as coletivas, o andebol e o futebol. No plano individual, tínhamos também algumas expectativas relativamente à canoagem, à embarcação do K4 500, e ao atletismo […], ao [Gerson] Baldé, no salto em comprimento. Num plano mais recuado, e onde as expectativas existiam, mas eras mais difíceis, tínhamos o caso da esgrima, do voleibol de praia, […] e até no remo”, enumerou, acrescentando ainda o tiro, “que não qualificou ninguém, o que é uma situação pouco comum nas últimas edições”.
Portugal estará, assim, representado por 73 atletas, em 15 modalidades, nos Jogos Olímpicos Paris'2024, que arrancam na sexta-feira e terminam em 11 de agosto. “Temos a delegação que é possível, num quadro em que a nossa expectativa de participação, do ponto de vista da Missão também foi construída pensando que os critérios eram os que tinham vigorado em Tóquio. Houve uma redução de 8% na participação [global] dos atletas, muitos dos rankings de seleção de eletividade saíram tardiamente. […] Nessa altura, obrigados que estamos à celebração de um contrato-programa e obrigados que estamos, como todas as federações, a quantificar os resultados que são expectáveis em função do apoio financeiro que vai ser recebido, a nossa avaliação foi aquela que vocês conhecem”, recordou.
Os objetivos inscritos no contrato-programa firmado com o Governo, em 14 de outubro de 2022, estabelecem a conquista de quatro medalhas, 15 diplomas, 57 pontos entre os oito primeiros, 36 classificações entre os 16 primeiros, e a presença em 66 eventos de medalhas distribuídos “de forma equitativa em termos de género”, em 17 modalidades.
Em entrevista à agência Lusa, o presidente do COP insistiu que, se os critérios fossem os mesmos dos Jogos anteriores, nos quais o país foi representado por 92 desportistas, Portugal estaria em França com “80 e tal de atletas” e não com a delegação mais pequena desde Sydney'2000.
“Nós temos quatro atletas que fizeram mínimos e que não podem participar por causa da limitação de quotas e temos disciplinas como o judo, as águas abertas, a natação artística, que, se fosse pelos critérios de Tóquio, estariam a participar. O quadro é mais limitativo, o quadro é mais reduzido, a seletividade é maior e como nós temos uma elite desportiva que não é propriamente muito grande, naturalmente que isso tem consequências do ponto de vista do apuramento”, evidenciou.
A situação foi ainda agravada pelas lesões “de três atletas com potencialidades desportivas de serem elegíveis”, nomeadamente Patrícia Mamona, vice-campeã olímpica do triplo salto na capital japonesa, a judoca Telma Monteiro, bronze no Rio'2016, e Auriol Dongmo, quarta no lançamento do peso em Tóquio'2020, que, apesar de ter marca de qualificação, falhará os Jogos por lesão.
“Antes de tomar a decisão final e anunciá-la, promovemos uma reunião no COP […] com o treinador, os médicos da Federação [Portuguesa de Atletismo], os médicos do COP e solicitámos à Auriol que estivesse presente. A Auriol não compareceu, evocando que estava de férias. Face aos relatórios médicos que existiam e às evidências médicas disponíveis, ao parecer do próprio treinador e da própria federação que estava presente, decidimos naturalmente não incluí-la na lista dos atletas que vão participar nos Jogos”, revelou, considerando que a ausência de Dongmo “é uma perda muito significativa” para a Missão lusa.
Questionado sobre se sente que algo falhou neste ciclo olímpico, Constantino remeteu o “balanço final” para quando os Jogos acabarem. “Do ponto de vista do trabalho do Comité, fizemos tudo quando estava ao nosso alcance para propiciar às federações desportivas, e por essa via aos atletas, todos os meios necessários a uma boa preparação, quer do ponto de vista técnico, quer do ponto de vista médico, quer do ponto de vista nutricional, quer do ponto de vista psicológico, quer do ponto de vista fisiológico. Fizemos dezenas de ações de formação para os técnicos, para os treinadores, para os presidentes das federações […]. Trabalhar, trabalhámos. Agora, vamos aguardar os resultados”, declarou.
Quanto à expectativa de resultados, nomeadamente a perspetiva de quatro medalhas estabelecida como meta, o dirigente assumiu ser “pessimista pela razão, mas otimista pela vontade”. “Não posso, não devo, exprimir publicamente um estado de espírito que esteja abaixo daquilo que é o estado de espírito dos atletas. Ainda [na apresentação da Missão] ouviu um conjunto de atletas que se consideram candidatos a posições de pódio. Oxalá isso se concretize”, manifestou.
Escusando-se a nomear quem são as maiores esperanças para a conquista de medalhas em Paris'2024, o presidente do COP notou que serão “todos aqueles atletas que, ao longo do percurso de preparação desportiva, tiveram classificações de campeões da Europa, campeões do mundo”.
“Portanto, espero que os seus picos de forma coincidam com os Jogos Olímpicos e que possam, nesse contexto, revelar - no sentido de expressar - as suas qualidades desportivas e poderem, naturalmente, obter resultados correspondentes ao seu valor”, completou.