João Ferreira vai alinhar pela primeira vez com o Mini e na equipa oficial. Sonha alto, mas achará “simpático” ficar no top-10
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O ano de 2024 foi fértil em resultados para João Ferreira, que se sagrou campeão nacional de todo o terreno, conquistou o título europeu e fechou a época a erguer a Taça do Mundo de Bajas, duas décadas depois de Carlos Sousa. A este pertence o melhor resultado de um português no Dakar nos automóveis - quarto classificado em 2003 -, um desempenho que o piloto de Leiria, navegado por Filipe Palmeiro, ambiciona superar. Mas vai estrear o Mini numa edição bem concorrida, em marcas e pilotos.
Correr o Dakar nos automóveis e numa equipa oficial é um sonho tornado realidade?
-Sim, sem dúvida. É minha terceira participação no Dakar, a primeira vez ao volante de um carro que é a elite do nosso desporto. Portanto, estar incorporado como piloto oficial numa equipa X-raid é um orgulho. Tenho a certeza que terei todo o suporte para fazer um bom Dakar.
Acabar no pódio é outro sonho?
-O meu sonho é ganhar. Mas sim, eu diria que acabar no pódio já seria outro começo de um sonho. É para isso que temos trabalhado nestes últimos anos e, sobretudo, este ano. Não será fácil, se calhar é irrealista até pensarmos nisso nesta primeira edição ao volante de um carro, mas tudo iremos fazer para tentar ficar mais próximo desse sonho.
Mas para uma primeira edição nos carros, que resultado já o deixaria satisfeito?
-Confesso que não consigo dizer o que me deixaria satisfeito. Sou uma pessoa super competitiva, quero ganhar e dar o meu melhor. Temos um Dakar muitíssimo competitivo, com muitíssimos pilotos... São 15, 20 pilotos capazes de andar constantemente na linha da frente. No primeiro ano, se eu conseguisse fazer um top-10, já seria um resultado bastante simpático.
Vamos ter um Dakar mais competitivo, fruto dessa quantidade de pilotos e das entradas de Dacia e Ford?
-Ver que as grandes marcas estão atentas ao nosso desporto e a investir no todo o terreno é sempre bom. Acrescentando a isso, vão estar grandes pilotos, Nasser Al-Attiyah, Carlos Sainz, Sébastian Loeb, Mattias Ekström e tantos outros... Todos eles têm muitíssima mais experiência do que eu. Portanto, vamos ver o que é que conseguimos fazer. Vimos em Marrocos onde é que nos conseguiríamos posicionar [n.d.r.: 11.º lugar da geral]. Até 17 de janeiro, vamos ver o que conseguimos trazer para Portugal.
Os SSV são uma boa porta de entrada na maior prova do terreno do mundo?
-Sim, sem dúvida. É uma categoria bastante mais acessível em termos económicos e bastante mais fácil para enfrentar as dificuldades do deserto, nomeadamente o Dakar. Foram dois anos de aprendizagem que me deram imenso jeito.
A passagem para os automóveis significa que as provas em SSV acabaram?
-Não diria que acabaram. Nunca sei o dia de amanhã. Mas, sem dúvida, o objetivo agora é fazermos mais corridas no carro e a ideia é mantermo-nos lá, se tivermos todas as condições para isso.
A de 2024 foi a sua melhor época, com os três títulos conquistados?
-Foi um ano muito bom. Voltámos a revalidar os títulos de 2022 e acrescentar a isso a Taça do Mundo foi acabar o ano em beleza. Foi fruto de muito trabalho, mas é gratificante ver o trabalho e o esforço que tivemos durante este ano recompensado.