Ciclista português aponta Jonas Vingegaard como favorito
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O ciclista João Almeida não quer menos do que o pódio na 80.ª Volta a Espanha, com o português a assegurar estar 100% recuperado da fratura de costela e a apontar ainda a uma vitória de etapa. “Tendo em conta a situação, […] ponho-me no pódio, certamente, mas menos do que isso, obviamente, não ficaria satisfeito. Aspirar à vitória, acho que também acaba por não ser 100% realista, tendo em conta que também há um Jonas Vingegaard. Se fizesse pódio ficava feliz e, obviamente, quero sempre tentar o lugar mais alto”, admitiu em entrevista à agência Lusa.
O corredor da UAE Emirates vai regressar à competição na Vuelta, pouco mais de um mês após ter abandonado precocemente o Tour à nona etapa, dois dias depois de ter fraturado uma costela numa queda, mas assume-se como um dos principais candidatos ao triunfo final. “Sou dos corredores mais fortes estatisticamente também, de estar ali com os melhores números. Mas acho que também a minha situação é um bocado específica. Tive a queda, estive algum tempo sem andar na bicicleta, sem tocar nela. Não venho propriamente com a melhor preparação, longe disso. Mas também sei o meu valor, sei que sou um corredor bom e acho que vou estar bem”, antecipou.
Almeida diz sentir-se “100% recuperado” há “basicamente duas semanas”, garantindo que vai partir para esta Vuelta “sem dores e sem limitações”. “A minha fratura é uma fratura não complicada, portanto também não houve muito a fazer, é só descansar e recuperar ao máximo, para isto ficar bom o mais rápido possível”, notou.
Nesta “paragem forçada”, o melhor voltista português da atualidade esteve 10 dias sem andar de bicicleta. “Depois, foi começar a treinar para a Vuelta. Não posso propriamente desfrutar, nem nada. É foco total no treino. O tempo já é escasso, [por isso] o pouco tempo que tive para me preparar já teve de ser aproveitado ao máximo. Então, foi assim uma luta contra o relógio”, descreveu.
No processo de recuperação, Almeida treinou o mais que conseguiu, como faz sempre, “para estar na melhor forma possível”. “Já é uma temporada longa, com muita corrida, já temos muitos quilómetros nas pernas este ano. Então, também não há assim muito mais a fazer”, explicou, defendendo que, embora a paragem afete a sua forma, não será uma desvantagem nesta Vuelta, na qual acredita que vai “entrar bem” e “ir crescendo dia a dia”.
Na 80.ª edição, que começa no sábado, em Turim (Itália), e termina em 14 de setembro, em Madrid, o corredor de A-dos-Francos, de 27 anos, ambiciona ainda estrear-se a vencer na prova espanhola, na qual foi quarto classificado em 2022. “Já fiz várias Vueltas, todas com preparações horríveis, que nunca me calham bem. E nunca estive sequer perto disso. Entro sempre nas Vueltas a sentir-me mal e com pouca forma. Acho que, na realidade, é o ano em que me preparei melhor para uma Volta a Espanha. Gostava de ganhar uma etapa e acho que consigo, é apontar bem”, assumiu, não escondendo que, embora não seja “esquisito”, o Angliru, ponto final da 13.ª etapa, tem a sua preferência.
Já vencedor de uma etapa no Giro'2023, quando foi também terceiro da geral, o ciclista luso reconhece que completar a trilogia em grandes Voltas “era um objetivo que gostava de realizar”.
O quarto classificado do Tour'2024 nem hesita quando convidado a apontar quem serão os seus principais adversários, limitando a lista a um único nome: Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), o dinamarquês que venceu duas vezes o Tour (2022 e 2023) e foi pela terceira vez "vice" da prova francesa na edição que terminou há menos de um mês. “Vem de ser segundo no Tour, também é um corredor que para as grandes Voltas está sempre lá. É um dos extraterrestres desta geração, portanto acho que ele é o nome que vou apontar, não vale a pena apontar muitos mais”, resumiu à Lusa sobre o também segundo classificado da Vuelta'2023.
Apesar do desgaste acumulado na Volta a França, Almeida acredita que Vingegaard vai chegar “fresco” a esta Vuelta. “Tive um calendário bastante pesado e com muitos dias de competição. Então, não tenho tanta preparação em termos de treino, é mais competição atrás de competição, e isso é que acaba por criar uma fadiga que não podemos controlar. No caso dele, ele faz muito poucas corridas, então tem sempre mais frescura e pode controlar o treino que faz e o desgaste que tem”, salientou.
Após ter desistido das últimas grandes Voltas em que participou, nomeadamente da passada edição da prova espanhola, por ter contraído covid-19, o ciclista da UAE Emirates quer agora chegar a Madrid. “Acho que está na hora de acabar com a maré de azar”, concluiu.