Italiana que abandonou combate pede desculpa a Khelif: "Quem somos nós para julgar?"
Angela Carini arrepende-se de não ter cumprimentado Imane Khelif após o combate e justifica a desistência aos 46 segundos
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A italiana Angela Carini abandonou o combate contra a pugilista argelina Imane Khelif, após dois socos em 46 segundos, e agora está arrependida do comportamento posterior, nomeadamente por se ter recusado a cumprimentar a adversária.
"Toda esta controvérsia deixa-me triste. Peço desculpa à minha oponente. Se o Comité Olímpico Internacional disse que ela podia lutar, então respeito essa decisão. Não a cumprimentar não era algo que queria fazer. Na verdade, quero pedir desculpa à Imane Khelif e a todos os que estiveram presentes. Estava chateada porque os meus Jogos Olímpicos tinham terminado. Nunca tinha levado um golpe tão forte, tive que preservar a minha vida", disse, à La Gazzetta Dello Sport.
Ao La Stampa, juntou: "Sinto por ela também, acabámos num 'boom' mediático. Quem somos nós para julgar? Para dizer o que está bem ou mal? Somos atletas, não juízes. Se esta mulher está aqui deve ser por alguma razão. Nunca protestei, nunca disse uma palavra. Ainda que me tivessem dito que não lutasse, não aceitaria, nunca me rendi. Levei um golpe no nariz e perdi o equilíbrio, não respirava e disse basta. Tive um problema com a proteção no segundo golpe. Tive um momento de vazio, senti-me mal no ringue. Já não tinha vontade de lutar após um minuto. Não perdi, simplesmente me retirei com maturidade. De que é me tenho que envergonhar? Saio com a cabeça alta."
Carini falou ainda da polémica à Rai3: "Senti-me próxima da minha adversária, somos pessoas, simpatizei com ela. Somos duas atletas. Estamos a viver um sonho, estamos nos Jogos Olímpicos, o auge para nós. Honra para ela também, nunca a julguei, não estou aqui para julgar ninguém, para mim ela era a minha adversária. Por vezes, a coragem também pode ser vista num gesto de abandono. Não é normal que se abandone, tinha medo de me magoar. Não queria sofrer mais dor. Não sou ninguém para fazer juízos de valor, cumpri o meu dever de pugilista e lutei. Sinto um respeito absoluto pela minha adversária e lamento esta polémica. Estes comentários magoaram-me a mim e a ela, não somos robots, somos seres humanos. Terá sempre o meu respeito."