Brasil tem as instalações praticamente prontas, mas no Rio de Janeiro poucos se importam com as competições que arrancam a 5 de agosto. Há a política, o Zika e até os 432 assassínios dos últimos três meses.
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A 100 dias da Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos, não há resposta para a grande pergunta: está o Brasil pronto para os Jogos Olímpicos? O comité organizador garante que sim e mostra a obra feita, o Comité Olímpico Internacional publica mensagens de confiança, mas a verdade é que os brasileiros andam mais preocupados com a crise política do que com desporto e os problemas do país parecem estar a gerar uma diminuição no número de visitantes.
Vamos aos factos: o Rio de Janeiro não tem o velódromo construído e arrisca-se a ter de deslocalizar o ciclismo de pista, caso a madeira vinda da Alemanha não encaixe durante uma montagem que terá de ser em tempo recorde; a pista de atletismo ainda não existe, mas o Estádio Olímpico está pronto, portanto os prazos podem ser cumpridos; a baía da vela e da natação em águas abertas não foi limpa, o que poderá afetar as provas, embora não as anule. Quanto a problemas nas instalações para as competições a lista será esta e não é extensa, atendendo a que já se fizeram eventos-teste em 36 locais.
As preocupações atuais são outras. Em primeiro lugar, ninguém sabe quem estará a dirigir o país a 5 de agosto, dia da Cerimónia de Abertura. No Rio, a preocupação com a crise política praticamente abafou a atenção que era dada aos Jogos.
O vírus Zika poderá não ser tão grave como se temeu, mas a criminalidade voltou a subir e não se sabe se dará tréguas como em 2014, durante o mundial de futebol. Desde o início do ano já foram assassinadas 432 pessoas no Rio de Janeiro.
Estas más notícias, somadas a outras preocupações como os atrasos na linha do metro que ligará Copacabana à Barra da Tijuca, a maior das zonas olímpicas, ou a queda de uma ciclovia que havia sido construída por cima do mar, estão a contribuir para um clima de dúvidas e provavelmente a afetar a venda de bilhetes, que se cifra em 62%.
Apesar de tudo, os brasileiros acreditam que em agosto tudo estará pronto e que o Rio receberá meio milhão de visitantes. Talvez se confirme a nota humorística da Reuters: desde que os visitantes não se importem por terem ao lado o estaleiro das obras, os brasileiros garantem uma festa de arromba!