PERFIL - Foi figura de proa em equipas como Golden State ou Washington Wizards. É daqueles tipos que jogam tudo.
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Gilbert Arenas, figura da NBA já retirado, tem mais uma estranha história para contar e desta vez não mete jogos de cartas, pistolas, suspensões ou penas de prisão. É apenas um caso de "sorte abençoada".
Arenas, que foi figura de proa em equipas como Golden State ou Washington Wizards (levou a equipa aos play-off, coisa que Michael Jordan não conseguiu), é daqueles tipos que jogam tudo. Sejam jogos de fortuna ou azar ou videojogos.
Já por várias vezes depois de jogar nas consolas contactou os autores dos jogos para reclamar ou sugerir alterações. Foi para jogar no Powerball (uma espécie de lotaria) que saiu de casa a correr a 12 de maio. Quando chegou ao carro percebeu que tinha pouca gasolina e apenas dez dólares no bolso. Nessa altura um sem abrigo pediu-lhe dinheiro e respondeu que ia para longe, mas podia dar-lhe cinco dólares e usar os outros cinco em gasolina. O sem-abrigo ter-lhe-á dito algo do género: com esse dinheiro de gasolina não chegas onde dizes, fica com os dez dólares, vai jogar e amanhã, quando ganhares, passas por aqui e dás-me 20 dólares.
No dia seguinte, Arenas, que chegou à estação de serviço onde joga fora de horas, tinha uma mensagem no telemóvel dando-lhe conta de que ganhara 300 mil dólares. Achou que era patranha e foi à tal bomba de gasolina. O empregado disse-lhe: "Como tive de fechar mais cedo, joguei os seus números e ganhou o prémio". Arenas atribuiu a sorte a uma bênção do sem abrigo e deu-lhe "a parte dele". Não especificou quanto. Importante para ele foi, de tantas vezes que havia dado dinheiro a desconhecidos, esta ser primeira vez que deu dinheiro abençoado.
Arenas ganhou mais de 100 milhões de dólares durante a carreira e podia ter ganho mais se não fosse um jogo de cartas. Em 2009, jogava nos Wizzards e durante uma viagem houve jogatina e decidiu humilhar Javaris Crittenton, um jovem de maus fígados que estava a perder um dinheirão. Arenas foi impiedoso na troça ao ponto de Critteton perder a cabeça e ameaçar matá-lo a tiro.
Do alto do seu estatuto de estrela, Arenas aumentou a parada. "Ai sim? Eu levo as armas". Dois dias depois, na véspera de Natal, Arenas apareceu no balneário com quatro armas e apontou uma delas a Crittenton. Perante o olhar pasmado dos colegas de equipa, no momento seguinte também o ameaçado já empunhava uma arma. Como se a cena não tivesse sido má o suficiente, umas semanas depois, na apresentação do jogo Wizzards-Philadelphia, Arenas estava rodeado pelos companheiros e com os dedos fez o gesto de empunhar uma pistola e disparar sobre todos eles. A brincadeira saiu-lhe cara. A NBA suspendeu-o sem salário por tempo indeterminado e as autoridades intervieram.
Apesar da cena à faroeste, os participantes tiveram a favor o facto de nenhuma das armas estar carregada. A 26 de março de 2010 Arenas foi condenado a dois anos de prisão com pena suspensa por posse de arma sem licença, mais 30 dias de internamento numa casa de correção. A carreira não voltou a ser o que era. Aquele que tinha sido três vezes All Star caiu em desgraça e não mais se levantou até à retirada em 2013.
Se pensar bem, também pode considerar aquela estúpida véspera de Natal um dia de sorte. Javaris Crittenton, o outro envolvido, nunca mais jogou na NBA. Cumpre nesta altura 23 anos de cadeia por homicídio.