PERFIL - Jogador do Tottenham desrespeitou, mais uma vez, a obrigação de confinamento.
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Em pouco mais de um mês, desrespeitar por três vezes a obrigação de confinamento atirou Serge Aurier para as manchetes das edições online dos jornais desportivos por essa Europa fora.
Um verdadeiro sinal dos tempos! Destes tempos a que estão a faltar golos e polémicas a sério.
Então se o rapaz já agrediu um polícia, chamou paneleiro a um treinador e palhaço a um colega de equipa, que mal podem ter duas saídas não autorizadas ou a chamada do barbeiro a casa só porque alguém terá decidido que não podia ter a barbearia aberta?
Aurier, nascido na Costa do Marfim mas criado em França desde criança, tem capacidades incríveis para jogar a bola. É um defesa direito valente, com escola (fez toda a formação no Lens), defende e ataca, tem velocidade, cruza bem e até vai fazendo uns golos. Ainda assim tem dificuldades em manter-se como titular nas equipas por onde passa, exceção feita à seleção da Costa do Marfim de que é capitão.
Para além das questões óbvias da concorrência - no PSG lutava com Van der Wiel e no Tottenham com Trippier e Kyle Walker -, Aurier tem alguns problemas para lidar com regras e com autoridade. A vida para ele é um turbilhão de emoções em que a cabeça ajuda a afiar a língua. Na primeira época no PSG, ainda sob empréstimo do Toulouse, a seguir a um jogo com o Chelsea em que nem sequer participou, colocou no facebook um vídeo a chamar "filho da puta sujo" ao árbitro Bjorn Kuipers. Nem o pedido de desculpa evitou a pena da UEFA: três jogos de castigo.
Mesmo com as diatribes e as ausências para jogar na seleção, o PSG exerceu a opção de compra que tinha sobre ele. Quando parecia estar a assentar, a 14 de fevereiro de 2016 decidiu responder a uma série de perguntas ao vivo no Periscope (aplicação de vídeo no twitter). Além de denunciar favoritismo e privilégios de Ibrahimovic, chamou "paneleiro" ao treinador Laurent Blanc e "palhaço" ao colega Di María. Foi suspenso por tempo indeterminado, mas depois reintegrado, tendo feito mais uma época antes de ser vendido ao Tottenham.
Em janeiro do ano passado, já em Londres, foi detido sob acusação de ter agredido a namorada, Hencha Voigt, com quem tem uma filha. Acabou livre e sem acusação. Situação diferente de quando agrediu um polícia em Paris, em 2016. Aí, apanhou dois meses de prisão, que conseguiu iludir com um recurso. Nessa altura foi-lhe retirado o visto de permanência em Inglaterra e falhou um jogo com o Arsenal.
No confinamento saiu uma vez para ir ter com amigos, outra para ir correr com o colega de equipa Sissoko e agora não saiu mas chamou o barbeiro a casa. Será grave? O jogador deve achar que não, pois nunca precisa de ser denunciado, põe tudo nas redes sociais. É certo que em Inglaterra ainda vigora o estado de emergência, mas, que diabo!, é o Aurier...