PERFIL - Na quarta-feira, o avançado anunciou o adeus ao futebol, pondo fim a uma longa carreira construída à base de sacrifício e golos.
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Um mês e dois dias depois da data sonhada para pôr fim à longa carreira construída à base de sacrifício e golos - muitos deles decisivos -, Aduriz anunciou o adeus.
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Foi na quarta-feira, através das redes sociais, uma despedida precipitada pela necessidade de uma cirurgia à anca, que os 39 anos de idade e as 18 épocas como profissional (e muitas lesões pelo caminho) tornaram inevitável. A covid-19, que entre muitas outras coisas, adiou a final da Taça do Rei, entre o seu Atlético de Bilbau e a Real Sociedad, de San Sebastián, onde nasceu, acabou por frustrar o sonho deste lutador, que combateu problemas físicos, concorrentes de peso - coincidiu com o fim da era de Urzaiz e o início da de Llorente, nos "Leones de San Mamés" - e vários empréstimos.
Tudo em nome do sonho de representar o clube que sempre amou, onde se tornou um ídolo e com cuja camisola deixou um rasto de golos mas sobretudo um percurso a evocar outros tempos, aqueles que construíram a lenda do futebol basco.
Experimentou ténis, canoagem, snowboard e surf. No final, o futebol levou a melhor
Da infância de Aduriz ficou a imagem de um predestinado para o desporto. Foi vice-campeão espanhol de esqui de fundo com apenas nove anos, graças a uns pais amantes da montanha e professores da modalidade, mas também experimentou ténis, canoagem, snowboard e surf. Ou não fosse o País Basco um paraíso dos ditos desportos radicais. O futebol levaria a melhor e o final da etapa de formação conduziu-o à equipa B do At. Bilbau, um Bilbao Athletic que seria a antecâmara da estreia na formação principal, que se deu a 11 de setembro de 2002, com Heynckes no banco, na Taça do Rei. Três dias depois, fazia a estreia na Liga, ante um Barcelona ao qual ficaram ligados vários dos momentos mais importantes da carreira - um "hat trick" na primeira mão da final da Supertaça de 2015, que juntamente com outro golo na segunda mão fazem dele o único jogador com quatro marcados nessa fase da prova; mas também o golaço de bicicleta em agosto passado, que deu o triunfo aos bascos na primeira jornada deste campeonato e que seria o último dos seus 285 em 787 partidas como sénior (172 em 407 pelo At. Bilbau).
A longevidade deixou, com naturalidade, o nome de Aduriz colado a vários registos históricos, desde o de melhor goleador do clube no séc. XXI e sexto melhor de sempre; duas vezes melhor marcador da Liga Europa (único a faturar por cinco vezes num jogo, ao Genk); outras duas melhor marcador espanhol de LaLiga; até aos inevitáveis recordes de mais veterano a marcar pelo At. Bilbau, pela seleção espanhola e ainda um de três craques (com Messi e Sergio Ramos) a fazer golos em todas as últimas 15 edições do campeonato espanhol.
O clube basco, que por duas vezes o comprou (Valladolid e Valência, num total de 5,5 M€) e o vendeu uma (Maiorca, 6 M€), sublinhou no site que "deixa um legado tremendo e imagens inesquecíveis". Já Aduriz lamentou, na mensagem de despedida, "não poder ajudar os companheiros como gostaria e eles merecem".