Portugal nunca havia conseguido uma medalha sequer em Campeonatos do Mundo de ginástica acrobática. Este domingo, em Genebra, alcançou logo duas. Ginastas do ACRO Clube da Maia foram as protagonistas
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"O esquema da final era igual ao da qualificação, na qual nós tivemos uma queda grave, mas isso deu-nos um pouco mais de garra para mostrar tudo o que tínhamos trabalhado e para entrar na final com força e representar bem o país", explicou Rita Ferreira, de 20 anos, após alcançar a medalha de ouro no Campeonato do Mundo de ginástica acrobática, em duo com Ana Rita Teixeira, de 16.
"A mim também me deu mais força. Toda a gente tinha uma grande expectativa em relação ao nosso grupo e sabíamos que, se conseguíssemos fazer um esquema bom, era possível uma medalha. Isso deu-nos, efetivamente, mais garra", sustentou Teixeira.
Rita Ferreira e Ana Rita Teixeira, do ACRO Clube da Maia, foram as primeiras ginastas portuguesas a chegar a uma medalha num Mundial. E foi logo a de ouro. "Nós trabalhamos muito para ganhar este campeonato. Sabíamos que não dependia só de nós, também da concorrência, e tivemos uma concorrência forte, mas também estávamos cientes que tínhamos os esquemas com as maiores dificuldades de todas as provas. Se os fizéssemos bem, compensava. Foi também isso que nos deu o ouro", continuou a mais velha das duas ginastas, natural da Maia, que pratica a modalidade desde os sete anos, primeiro no Ginásio Clube da Maia, e depois, a partir dos dez anos, no Acro, onde está há uma década.
"Na altura, mesmo tendo a medalha na mão, estive um tempo sem acreditar, porque era um sonho que se estava a realizar. Na escola, por exemplo, quando nos davam aquelas folhas onde perguntavam qual era o nosso sonho, eu sempre escrevi "ser campeã do Mundo". Um dos meus outros sonhos era também o apuramento para os World Games, o que conseguimos", contou Rita Teixeira, igualmente maiata e atleta do ACRO desde os nove anos.
Sábado e domingo, elas estarão de novo em ação na Maia, na gala de final de época do ACRO.
Depois do ouro, um bronze
Logo a seguir à conquista do ouro por parte de Rita Ferreira e Ana Rita Teixeira, entrava em ação o trio Bárbara Sequeira, Francisca Maia e Francisca Sampaio Maia. "Estávamos a aquecer para o nosso esquema e ficamos muito felizes pelo ouro delas, mas tentamos abstrair-nos ao máximo dessa felicidade, porque tínhamos de estar concentradas", reconheceu Bárbara, igualmente maiata e que desde os quatro anos representa o ACRO Clube da Maia. "Depois de feito o nosso esquema e ganha a medalha de bronze, fomos festejar com elas", contou.
Lourenço França é um treinador ainda emocionado
Depois de fazer com que Portugal conseguisse as duas primeiras medalhas num Mundial, Lourenço França estava emocionado. "Sinto uma felicidade muito grande. Primeiro sobrevivemos e depois ainda melhoramos. Estou imensamente orgulhoso, porque há muitos anos que lutávamos para ter aquele hino a tocar", disse o técnico, de 47 anos, natural do Porto, revelando: "Tive de pousar o telemóvel, porque tremia muito pela emoção e pelas lágrimas que não paravam de cair, nem conseguia filmar direito. Ter o hino a tocar por nossa causa é sensacional", assumiu.