ENTREVISTA, PARTE III - Ginasta portuguesa, que colocou agora um ponto final na carreira, aponta a ser treinadora
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Na ginástica fazem-se mulheres muito cedo?
-É verdade. Aos 16 anos somos seniores e podemos ir aos Jogos. É uma responsabilidade muito grande desde muito novas. Acabamos por viajar aos 12 anos e crescer mais rápido.
Nos primeiros anos sentia-se mais adulta ?
-Sim, sobretudo na escola.
Agora tem de arranjar profissão sendo nova...
-Não sou assim tão nova para ainda viver com os meus pais e não ter independência, aquela que a modalidade afinal não me ofereceu.
Não ganhou para estar bem financeiramente?
-Exatamente. Sempre continuei a estudar por saber que teria de encontrar um emprego, por não conseguir viver da minha modalidade. Acabo este ano o mestrado em treino de alto rendimento, na FADEUP, para ser treinadora.
Quer preparar as futuras olímpicas?
-Quem sabe.
Já olha para outras como potenciais olímpicas?
-Para algumas. Nos últimos anos já ajudava as meninas que treinavam comigo, não tanto a nível técnico, mais a explicar-lhes como se podiam sentir ou agir. Como futura treinadora, e tendo experiência, se calhar posso ajudar as mais novas, tanto a evoluírem na ginástica como na parte emocional. Vai ser muito giro.
ANOTAÇÕES
Resistir entre Tóquio e Paris
“A ginástica é mentalmente difícil, tanto em competição como nos treinos em que temos de manter a motivação sentido dores em todo o lado. Ficamos a pensar no porquê daquele sofrimento todo. Para mim foi sempre pior fisicamente, com as lesões nos tornozelos. Os primeiros dois anos depois de Tóquio foram duros. Cheguei a pensar se continuar era a melhor opção. Hoje, depois dos Jogos de Paris, digo que sim, ainda bem que aqui cheguei!”.
O “uau” de conhecer o ídolo Rafa Nadal
“Gostei de conhecer o Nadal. Já havia uma afinidade, que viajámos juntos para os Jogos do Rio e estivemos no cockpit. Ele era uma inspiração para mim e foi daqueles momentos em que fiquei: ‘Uau, como estou a viajar ao lado dele?’. E reencontrei-o em Paris. Estar com atletas que temos como ídolos são experiências muito boas”.
Fazer desporto para sofrer menos
“Ainda não recuperei totalmente dos Jogos, dói-me um pouco de tudo. Irei manter a atividade física, para não sofrer muito quanto for mais velha”.