Ex-ciclista campeão da Vuelta acusado de mandar matar vizinhos: "Esquartejámos os corpos na estrada"
Caso remonta a 2002 e a denúncia foi feita por dois paramilitares. Lucho Herrera, lenda do ciclismo colombiano, já se defendeu em comunicado, refutando as acusações
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O ex-ciclista colombiano Lucho Herrera, que entre outras conquistas na sua carreira desportiva conta com uma Vuelta a Espanha em 1987, foi acusado por dois ex-paramilitares de mandar "desaparecer" quatro vizinhos em 2002 para ficar com os seus terrenos.
Os dois ex-paramilitares, membros de Autodefesas Campesinas de Casanare, denunciaram que Lucho Herrera pediu ao líder do seu grupo para fazer desaparecer quatro pessoas que, supostamente, o iriam sequestrar. Só depois os membros do grupo paramilitar perceberam que as vítimas não eram guerrilheiros de milícias, mas sim simples camponeses que estavam numa disputa de terras com Lucho Herrera.
O ex-ciclista, após a reforma, dedicou-se a investimentos de imobiliário, propriedades, gado e transportes.
"O senhor Lucho Herrera deu-nos dois envelopes, num deles havia fotografias de quatro pessoas que tínhamos de apanhar, disse que eram milicianos da guerrilha que o iam raptar, e no outro envelope havia 40 milhões e disse-nos que se quiséssemos comprar armas e motas, podíamos comprar. Estas pessoas viviam ao lado da quinta dele", disse "Ojitos", alias pelo qual é conhecido um dos denunciantes. "Menudencias", o outro denunciante, deu pormenores do violento e sangrento serviço prestado: "Pusemos dois atrás e dois à frente. Esquartejámos os corpos na estrada de Novilleros al Aguadita, numa quinta à beira da estrada. Cortámos-lhes a garganta e depois cortámo-los com catanas."
Esta terça-feira, Lucho Herrera emitiu um comunicado a demarcar-se das acusações: "Trata-se de indivíduos pertencentes a estruturas armadas ilegais, cujas pretensões rejeito veementemente. Darei todas as explicações às autoridades, mas posso garantir-vos que não estou envolvido nos acontecimentos relatados. Dediquei a minha vida ao desporto e, após a minha retirada do ciclismo profissional, ao trabalho honesto. A partir de hoje, manifestei a minha total disponibilidade para colaborar com a justiça e para cumprir qualquer exigência judicial."
Lucho Herrera, recorde-se, foi sequestrado pelo grupo paramilitar das FARC em 2000. "Eles exigiam dinheiro. Puseram-me num carro sob a mira de uma arma", relatou após ser libertado.