Dumoulin, primeiro líder do Giro, em entrevista: "Não tenho medo das subidas"
Tom Dumoulin quer bisar na Volta a Itália, que arrancou esta sexta-feira em Jerusalém, e começou bem ao vencer o contrarrelógio inaugural. Para já, começa com a camisola rosa
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Tom Dumoulin foi o primeiro ciclista holandês a vencer a Volta a Itália e rejeita a ideia de esse sucesso ter sido obra de uma época excecional, mas irrepetível. "Estive demasiado ansioso, mas vou mostrar a todos que voltarei a conseguir. Não sou um ciclista que ganha uma vez e por acaso", reiterou, numa entrevista coletiva do Eurosport a que O JOGO teve acesso exclusivo para Portugal.
O holandês de 27 anos ainda terminou a época passada com o título mundial de contrarrelógio, mas o início desta foi apagado. O 15.º lugar na Liège-Bastogne-Liège foi o único resultado representativo, mas longe do terceiro no Tour de Abu Dhabi e do sexto no Tirreno-Adriático que em 2017 antecederam a vitória no Giro. Ele identificou os erros e diz-se confiante para o arranque de sábado. "Os compromissos mediáticos dificultaram. Treinei mais e não foi o acertado. A primavera não foi boa, com alguns azares à mistura. Porém, isso nada tem a ver com o Giro."
Há um ano, Dumoulin deixou Nairo Quintana (Movistar) a 31 segundos e Vincenzo Nibali (Bahrain) a 40. Agora, a presença de Chris Froome - mesmo não se sabendo se o caso de doping da Vuelta lhe retirará depois o resultado - obriga a mudar de estratégia. "A concorrência é feroz, como sempre. O Froome está mais perto do meu perfil, enquanto o Nibali e o Quintana, como puros trepadores, precisavam das montanhas para atacar e ganhar tempo. Se no ano passado esperava ganhar tempo nos contrarrelógios, este é diferente, tendo o Froome no Giro. Não lhe consigo tirar assim tanto tempo", destaca, identificando a mudança na corrida pela presença da fortaleza Sky em torno do britânico.
"Em 2017, a minha equipa foi fantástica. Temos metade do orçamento da Sky, portanto - e logicamente - nunca poderemos ter na frente tantos ciclistas quanto eles. Temos de contorná-los tecnicamente. Com a forte equipa que o Froome trará, a corrida será diferente, já que irão controlar, o que em 2017 ninguém fez; por exemplo, o Quintana vestiu a rosa e ficou sozinho na última etapa de montanha", recordou.
Dumoulin sabe bem o que é sofrer uma desilusão por ficar isolado na montanha. Em 2015, ataques de vários opositores tiraram-lhe a liderança na última subida da Vuelta, que foi ganha por Fabio Aru. "Temos uma equipa forte, mas continuará a ser difícil. Não será o fim do mundo se não voltar a ganhar", desabafou.
Para o vencedor da 100.ª edição do Giro, a diminuição da extensão dos contrarrelógios - dos 69,1 km de 2017 passam a 43,9 km - terá de ser suplantada pela capacidade que diz já ter exibido na montanha. "Gosto do percurso. De facto, a distância dos contrarrelógios é menor, o que torna a prova mais difícil. No entanto, também consigo tirar tempo nas montanhas, como se viu no ano passado. Não tenho medo das subidas e estou ansioso que elas cheguem!", exclamou. Sobre o dia teoricamente mais imponente, o da 14.ª etapa, no monte Zoncolan, na região transalpina de Cárnia, com 13 km de subida até à meta, mas dez deles inclinados a 12% e com picos de 22%, ainda não houve conversa na equipa, revelando que as prioridades passaram por reconhecer as "etapas dos Alpes".