Craque do futebol mundial tem um clube, é acionista do mega empreendimento da Federação e o padel, que tem 400 mil praticantes, agradece
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Foi ao aceitar os desafios padelistas do amigo e agente Miguel Paixão que Cristiano Ronaldo decidiu pegar numa raquete e meter-se num court envidraçado de 10x20 metros. Da experiência resultou uma nova paixão e, para além da prática diária de padel nas férias ou de alguns “partidos” com o número um mundial, o espanhol Artur Coello, CR7 já tornou público o novo investimento desportivo.
Trata-se da construção da Cidade do Padel, numa parceria com a Federação Portuguesa (FPP), através do consórcio formado pela CR7, S.A. - empresa do futebolista - e pela Lusofinança, que tem Filipe de Botton como maior acionista. A inauguração está prevista para a próxima primavera e o custo é superior a cinco milhões de euros. Há um par de meses, e sem valores divulgados, Cristiano Ronaldo comprara o Lisboa Racket Centre, primeiro clube em Portugal com courts de padel. O presidente da FPP, Ricardo Oliveira, apressou-se a enaltecer que “isto vai mudar o paradigma deste desporto”.
A caminhar para uns estrondosos 400 mil praticantes em Portugal, sem correspondência nos menos de 12 mil atletas federados, o nosso país tem atualmente uma oferta de 1100 courts em 300 clubes. Também os números divulgados pela Federação Internacional de Padel (FIP) são prometedores e revelam 30 milhões de praticantes, com um aumento de 150 por cento na última década.
A “propaganda” feita ao padel por Cristiano Ronaldo e Diogo Dalot, este proprietário, há vários anos, de uma academia no Porto, durante a comemoração de um golo de cada, em setembro e outubro, na Liga das Nações, caiu como sopa no mel. Os jogadores do Al-Nassr e o do Manchester United usaram o gesto de um golpe em slice para uma celebração que ainda corre mundo, depois dos golos frente à Croácia e à Polónia. Outra “ajuda” de astros do futebol, como Ronaldo (Fenómeno) ou Neymar, levou o Brasil a passar de 60 mil para uns inimagináveis 700 mil praticantes entre 2023 e este ano.
Colocar o desporto da moda nos Jogos Olímpicos de Brisbane, em 2032, será o passo seguinte para a afirmação universal. Em Portugal, ultrapassar o meio milhão de jogadores é o sonho que estará mais do que realizado nessa data.
Seleções estão numa bela montra
Considerado o desporto social de eleição e oferecendo um campeonato nacional de empresas, a expansão do padel em Portugal é bem correspondida nos desempenhos das Seleções Nacionais. No Campeonato do Mundo, no mês passado, em Doha (Catar), Portugal conquistou a medalha de bronze masculina e foi quarto na prova feminina. Quatro meses antes, no Europeu, em Cagliari (Itália), tinham-se alcançado essas mesmas posições de topo. Criada no México, em 1968, a modalidade começou por ser dominada pela Argentina, que tem 12 títulos mundiais masculinos, cinco dos quais nas últimas seis edições, e tem a concorrência da Espanha, com quatro. No feminino, as espanholas são hexacampeãs mundiais e totalizam nove títulos, mais um do que as argentinas. Apenas nove países já foram ao pódio, estando Portugal entre eles.
Já cresce a geração não tenista
Só agora desponta a primeira geração de padelistas sem passado no ténis. Toda a nata portuguesa começou num court com o dobro do tamanho e Sofia Araújo (foto) não foi exceção. Número oito do ranking mundial e com dois títulos no Premier Tour, ao lado da espanhola Marta Ortega, a lisboeta de 30 anos foi tenista entre os 15 e os 19, destacando-se pelos winners e a fechar o espaço junto à rede. A pioneira foi Ana Catarina Nogueira, de 46 anos e atual 33.ª, campeã de todos os escalões no ténis. No masculino, os irmãos Deus, Miguel (81.º) e Nuno (92.º), são referências.