David Domínguez: "Vir para Portugal é uma boa opção. Aqui estou a aprender"
Ciclista espanhol festejou no GP Douro Internacional um triunfo inesperado e que o pode lançar para outros voos
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David Domínguez chegou a Portugal depois de um bom percurso na formação e viu a sorte sorrir-lhe no Grande Prémio Douro Internacional, ao ser o ciclista da Aviludo-Louletano escolhido para vestir de amarelo quando a sua equipa e a Sabgal-Anicolor, vendo a Rádio Popular-Boavista sem homens para defender a liderança de Francisco Peñuela, passaram ao ataque. Embora jovem, o trepador de Sabadell está consciente dos passos a dar.
Qual é a sensação de ganhar pela primeira vez?
-Sabia que estava forte. Fizemos um bom trabalho, estagiei em altitude, e para mim ganhar a primeira corrida, e logo a classificação geral, é muito importante, pois estou no primeiro ano como profissional. Sendo contra rivais muito bons, foi memorável.
Este êxito prova que é preciso acreditar até ao fim?
-No primeiro dia cheguei no grupo da frente e em Armamar tive uma avaria na subida final, mas sabia que as pernas estavam bem. A última etapa não era tão dura, em teoria, mas muitas equipas queriam a vitória. Trabalhámos bem e, entre o esforço de outras equipas e o nosso, no final ganhámos.
A Aviludo-Louletano podia jogar com dois ou três homens. Como se fez a escolha?
-Foi um pouco questão de sorte ou azar. Houve muitos ataques, de Sabgal e Efapel. O Nicolas Tivani era o nosso melhor da geral, mas teve de ficar para trás.
Como analisa a qualidade do ciclismo português?
-No ano passado fiz o Grande Prémio JN, com a equipa Zamora, e percebi que o nível era muito alto. Este ano até me custou a adaptar, porque aqui todos são bons. Equipas como Sabgal e Efapel são fortes. Afinal, todos são profissionais, é diferente do escalão amador.
Começar a carreira profissional em Portugal é melhor do que em Espanha?
-Vir para Portugal é uma boa opção, porque o nível é alto. Aqui estou a aprender. Aliás, as equipas espanholas sentem dificuldades quando vêm cá fazer provas como Alentejo ou Beiras. É um bom passo para chegar ao escalão ProContinental.
É essa a sua meta?
-Espero dar mais um passo, ser corredor do World Tour já é sonhar. Gostaria de correr a Volta à Catalunha, que é do World Tour e importante para todos os catalães.
E a Volta a Espanha?...
-A Vuelta é um objetivo mais exigente.
Como é estar no Aviludo-Louletano, com tanta gente a falar espanhol?
-Há muita variedade. Temos quatro portugueses, dois argentinos, três espanhóis e o Oyarzun, que é chileno mas viveu sempre em Espanha, correndo em Portugal. Há uma relação muito boa, espanhol e português entendem-se bem. Sabemos que trabalhando juntos podemos alcançar grandes resultados.
Vai ter agora a Volta a Portugal. Que pensa fazer?
-Espero alinhar, que ainda não sabemos a equipa, o Américo Silva vai decidir.
Vencer no Douro foi importante para o convencer?
-Espero que sim.
Deixou futebol e admira Contador
“Comecei aos 5 anos, no BTT, e aos 12 passei para a estrada. Praticava outros desportos, como futebol e atletismo, mas cada ano gostava mais e por isso fiquei só no ciclismo. Nos juniores fui dos melhores de Espanha e quando cheguei aos sub-23 fiquei sempre em equipas muito boas e com resultados. Foi assim que consegui o contrato com a Aviludo-Louletano”, contou Domínguez sobre o seu percurso, dizendo-se “muito feliz por estar aqui” e explicando que “Portugal sempre lançou muitos ciclistas e tem corridas importantes”. Com uma família ligada ao desporto - “O meu pai era jogador de basquetebol, mas sempre andou de bicicleta, tal como a minha irmã e a minha mãe” - David tem um ídolo, “Alberto Contador, pois também sou trepador e ele corria sempre ao ataque, como eu gosto”, revelou, orgulhoso porque em 2022 correu “na equipa dele, a Eolo Kometa”.