Após a dispensa de Sacramento, a mudança surpreendente do português para os Celtics pode, a seu tempo, render-lhe mais oportunidades, tendo Luke Kornet como exemplo
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Dispensado de Sacramento ao fim de duas épocas, privilegiando os californianos a chegada de JaVale McGee (ex-Dallas), Neemias Queta não levou muito tempo a definir o seu futuro, cumprindo com o que sempre desejou: manter-se na NBA, à qual foi o primeiro português a chegar, escolhido na 39.ª posição do Draft de 2021. O gigante luso era elegível para um terceiro contrato "two-way" (duas vias), como o que teve sempre com os Kings, e foi esse tipo de vínculo que acertou com Boston para a próxima temporada, mudando-se para a Costa Este dos Estados Unidos e para um fuso horário mais convidativo para os fãs nacionais.
Juntando-se a uma das franquias com mais história da liga norte-americana - lidera a lista das mais tituladas, em igualdade com os LA Lakers (17 campeonatos) -, o basquetebolista do Vale da Amoreira vai voltar a dividir-se, jogando entre a equipa principal e os Maine Celtics da G-League, competição na qual foi o segundo jogador mais valioso na época passada - médias de 16,8 pontos, 8,7 ressaltos, 2,4 assistências, 0,9 roubos e 1,9 desarmes em 29 jogos da fase regular.
Há um ano, os verdes deram um "two-way" ao poste Mfiondu Kabengele, que teve de esperar 47 partidas pela estreia, ficando-se por quatro jogos de utilização (36 minutos). Da mesma forma, não é expectável que o português seja opção de imediato para o técnico Joe Mazzulla, mas a sua aquisição, de baixo custo para uma formação que tem a sétima folha salarial mais alta da liga (169,7 milhões de euros), terá sido feita a pensar no futuro, atendendo à idade de Al Horford (37 anos e ausência no Campeonato do Mundo devido a lesão) e ao historial de lesões de Robert Williams III e Kristaps Porzingis - o letão foi contratado neste defeso aos Washington Wizards e também falhou o Mundial devido a uma fascite plantar.
Para a posição mais interior há ainda Luke Kornet, que emergiu em 2022/23 (69 jogos), aproveitando ausências de companheiros para se mostrar, já depois de também ter andado pelos Maine Celtics, na primeira passagem por Boston (2021/22). Por isso, um começo de Queta pela equipa satélite não deve ser logo visto como um mau sinal.
Português já jogou no TD Garden
Boston está entre as 17 equipas que Neemias Queta defrontou nos 20 jogos realizados em duas temporadas na NBA (só repetiu Lakers, Philadelphia e Denver), conhecendo já o TD Garden, o icónico recinto dos Celtics.
Em 2021/22, o gigante luso visitou os verdes, num duelo de má memória para Sacramento, que perdeu por 53 pontos de diferença (128-75). Face ao descalabro, o português foi lançado para os 8m15s finais, a tempo de contabilizar seis pontos, dois ressaltos e dois desarmes de lançamento.
Comunidade lusa pode dar um impulso
A chegada de Queta a Boston promete entusiasmar a comunidade lusa ao redor, já que o estado de Massachusetts, de que Boston é capital, é o segundo dos Estados Unidos a concentrar mais emigrantes portugueses (cerca de 258 mil, apenas atrás dos 309 mil da Califórnia).
Todos os portugueses e seus descendentes vivem a menos de cem quilómetros doTD Garden e, só em quatro bairros da cidade, moram mais de 10 mil.
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