Presidente do organismo considera que o secretário de Estado da Juventude e do Desporto não consegue distinguir os conceitos de "futebol" e "desporto".
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A Associação de Ciclismo do Minho (ACM) desafiou o secretário de Estado da Juventude e do Desporto a demitir-se. Através de comunicado, assinado pelo presidente José Luís Ribeiro, o organismo tece duras críticas à ação de João Paulo Rebelo e acusa-o de não conseguir distinguir os conceitos de "desporto" e "futebol".
"Perante a notória incapacidade do futebol (Federação Portuguesa de Futebol, Liga de Clubes, etc.) resolver o grave problema da violência associada à modalidade, será que o Estado vai continuar a assobiar para o lado esperando, também ele, que aconteça (mais) uma desgraça? Infelizmente, está tudo dito e esclarecido quando o próprio Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, volta a protelar medidas resolutivas e não compreende nem distingue os conceitos de 'futebol' e de 'desporto'", assinala a ACM, apelando à coerência dos "protagonistas políticos".
"Quando o futebol conquista um feito desportivo, a matéria é transformada em assunto de Estado com condecorações, receções na Presidência da República e Assembleia da República. Quando outra modalidade conquista algo, os mesmos protagonistas políticos esquecem-se ou ficam-se por um mísero comunicado, daqueles que são emitidos 'às toneladas'. Quando o futebol manifesta mais efusivamente a brutalidade que vai semeando no quotidiano, exatamente os mesmos protagonistas políticos, encolhem-se e dizem que se está perante um problema do desporto. Sério, honesto e coerente seria - tal como acontece nas coisas boas - também discriminarem as modalidades nestes casos", remata a associação.
Leia o comunicado na íntegra:
"O fenómeno da violência associada ao futebol não é um caso novo e os sucessivos Governos tendem a agir por reação, adiando sistematicamente soluções, protegendo o futebol e envolvendo na contenda as restantes modalidades numa problemática de que não são responsáveis. Não tivessem os governantes medo do futebol e não andassem os governantes a bajular constantemente essa modalidade, não deveria o Estatuto de Utilidade Pública Desportiva da FPF ser suspenso até à resolução deste e doutros problemas do jogo da bola?
Perante a notória incapacidade do futebol (Federação Portuguesa de Futebol, Liga de Clubes, etc.) resolver o grave problema da violência associada à modalidade, será que o Estado vai continuar a assobiar para o lado esperando, também ele, que aconteça (mais) uma desgraça?
Infelizmente, está tudo dito e esclarecido quando o próprio Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, volta a protelar medidas resolutivas e não compreende nem distingue os conceitos de "futebol" e de "desporto".
O Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, além de não adotar medidas enérgicas, afirmou hoje o seguinte: "o que aconteceu em abril do ano passado, na sequência de alguns episódios de violência que envolviam árbitros, foi que o Governo reuniu um conjunto de entidades que trabalham no FUTEBOL - Federação, Liga, associação de treinadores, de árbitros e de jogadores, desafiando-os para em conjunto pensarmos medidas para a erradicação da violência no DESPORTO".
Melhor explicando: perante problemas de violência no FUTEBOL, o Secretário de Estado reuniu com pessoas e entidades do FUTEBOL para pensar medidas aplicáveis ao DESPORTO, persistindo no erro de, agindo por reação, misturar conceitos, não aplicar a legislação que já existe e continuar a pensar e decidir o DESPORTO sempre e só em função do FUTEBOL.
Quando o futebol conquista um feito desportivo, a matéria é transformada em assunto de Estado com condecorações, receções na Presidência da República e Assembleia da República. Quando outra modalidade conquista algo, os mesmos protagonistas políticos esquecem-se ou ficam-se por um mísero comunicado, daqueles que são emitidos "às toneladas".
Quando o futebol manifesta mais efusivamente a brutalidade que vai semeando no quotidiano, exatamente os mesmos protagonistas políticos, encolhem-se e dizem que se está perante um problema do desporto. Sério, honesto e coerente seria - tal como acontece nas coisas boas - também discriminarem as modalidades nestes casos".