Manuel Tavares, Jorge Maia e Vítor Santos lembraram os respetivos percursos à frente do jornal, com múltiplas decisões e algumas peripécias para garantir a informação nas bancas
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Num jornal em que as primeiras páginas são feitas ao cair da noite, a que noticiou a vitória de Fernanda Ribeiro nos Jogos Olímpicos de agosto de 1996, nos Estados Unidos, foi a que mais demorou a sair. Manuel Tavares, que assumiu a função de diretor durante mais de década e meia, recorda-se de ter esperado madrugada fora para noticiar a medalha de ouro. Essa decisão, assumiu, não rendeu tantos exemplares vendidos como quando o FC Porto foi pentacampeão - já lá vão 25 anos -, ou venceu a Champions de 2004.
Tavares contou ainda que quando o jornal fazia edições diferentes para Porto e Lisboa, houve uma que quase não saiu, porque a rede teimava em não enviar o material necessário para a capital. “Na altura, íamos levar ao Jornal de Notícias o material para ser enviado por rede e, às vezes, as coisas não funcionavam, atrasando tudo. Uma vez, o jornal só saiu em Lisboa porque o antigo presidente do Sporting, João Rocha, decidiu colocar o avião que tinha à nossa disposição”, revelou.
Jorge Maia também tem presentes alguns momentos de aflição, no caso, mais positivos e fáceis de resolver, sem envolver aviões ou outros meios de transporte. “A primeira página quando fomos campeões da Europa, em 2016, foi a que mais gozo me deu. Depois há a da morte do Pelé. Gostei do resultado da página, que foi simbólica, porque o Pelé era isso mesmo, um símbolo. Mas do momento, como é evidente, não”, apontou, enquanto refletia sobre os 30 anos que passou no jornal enquanto jornalista e diretor.
“Estive a fazer contas e, desde a fundação, devemos ter vendido mais de 50 milhões de jornais. Não são só 50 milhões de leitores, porque um jornal é mais que isso. Mas é um número impressionante para um jornal que sempre lutou por ser o único sediado no Norte e por estar longe do poder político”, destacou.
Sem escolher nenhuma primeira página em particular, orgulhando-se “de todas”, Vítor Santos, diretor “durante 20 meses”, elogiou a equipa que dirigiu em tempos complicados. “Só é possível ter este trajeto com sucesso em tempos muito difíceis graças ao empenho da equipa que veste a camisola como vi em poucos jornais. E já passei por muitos”, concluiu.