Na Serra da Freita, em Arouca, há uma prova de ultra trail que nos obriga a mais do que correr. É obrigatório escalar e há cordas nos pontos mais desafiantes para ajudar. A 18.ª edição foi corrida no passado sábado e O JOGO encaixou-se no pelotão de 1022 participantes na linha de partida
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“A Freita” é uma prova de corrida de montanha que percorre a bela Serra da Freita, em Arouca, e no qual seguimos um percurso que parece obedecer a um guião escrito com minúcia por um homem apaixonado. José Moutinho, carinhosamente conhecido como o pai do trail em Portugal, faz questão de nos mostrar as duas caras da “sua” serra. Uma mansa, que segue pela sombra de uns belos e sedutores trilhos verdes que acompanham os ribeiros e cascatas, e a outra, imponente e agreste, quase inacessível, com subidas verticais, pontuadas por "espinhos" de xisto.
Onde muitos veem um obstáculo a contornar, Moutinho vê uma oportunidade, nem que para isso tenhamos de fazer escalada. Corredores há que ficam surpreendidos porque pensaram que se tinham alistado, perdão, inscrito numa prova para correr. Sim, também. Mas na Freita também se escala. E se há sítios onde as pernas e as mãos só por si não chegam para impelir o corpo até lá acima tenham a certeza de que haverá cordas.
Para Moutinho não há excessos de natureza, há oportunidades. Os menos habituados podem desconfiar que desenhar trilhos assim é um exercício de sadismo. Até os nomes, paridos pela sua imaginação, não o ilibam: Vagina do Mundo, Coice da Mula, Bradar aos Céus, Sem Dó nem Piedade, Até Mete Dó, Trilho no que me Vim meter, Escadas do Martírio, A Besta, Juízo Final, Trilho da Purificação ou Goelas do Mundo.
Chegados ao fim, qual é o veredicto? A Freita não é para qualquer um. Mas quem tiver espírito aberto, pulmões treinados e pernas soltas, é uma experiência de que nunca mais se vai esquecer. Lá está, é uma história de amor em que passadas as dores regressam as saudades.
Classificações
Nota: alinharam na partida cerca de 1022 atletas, no total das quatro distâncias de 100, 65, 31 e 19 quilómetros. Cortaram a meta 895, contabilizando-se 127 desistências.
100 k (60 atletas na meta)
Masculinos
1.º Guilherme Lourenço (CRP Ribafria) 15:23:08
2.º Armando Teixeira (Caravela Seguros TRT) 16:46:20
3.º Francisco Fernandes (Olímpico de Vianense) 17:14:54
Femininos
1.ª Isabel Jerónimo (Clube Millenium BCP) 21:38:00
2.ª Isabel Brandão (Sportarc) 24:00:59
3.ª Conceição Ferreira (AZTrail/Mercentro) 25:44:38
65k (165 atletas na meta)
Masculinos
1.º Pedro Santos (EDV Viana Trail) 08:38:17
2.º Pedro Barros (individual) 08:46:31
3.º Fábio Mendonça (OCS-Arrábida Trail Team) 09:36:37
Femininos
1.ª Alice Lopes (JIV-Trail) 10:47:03
2.ª Liliana Cardoso (CD Feirense) 11:54:06
3.ª Margarida Vieira (C’uma Perna às Costas) 12:541:35
31k (392 atletas na meta)
Masculinos
1.º João Carneiro (Sport Arronches e Benfica) 03:00:01
2.º José Alves (CD Espite) 03:09:17
3.º Cristiano Cunha (AD Nós Acreditamos) 03:13:54
Femininos
1.ª Sara Pedrosa (CD Espite) 03:51:18
2.ª Sofia Vieira (CD Espite) 03:54:10
3.ª Joana Cordeiro (Trilhos do Costume) 04:08:17
19k (278 atletas na meta)
Masculinos
1.º Carlos Carneiro (Cinfães a Correr) 01:56:59
2.º Renato Lopes (Fátima Trail Team) 01:57:17
3.º Rafael Sousa (Cinfães a Correr) 01:58:37
Femininos
1.ª Paula Laje (Furfor Running Project) 02:23:19
2.ª Joana Soares (Tuga Mobile Adap Trail) 02:31:26
3.ª Catarina Neves (individual) 02:31:47