Associação de Atletas Olímpicos de Portugal (AAOP) quer Casa do Atleta Olímpico e projeto social nos próximos quatro anos.
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Uma Casa do Atleta Olímpico, cruzando os melhores valores do desporto com um projeto social e de capacitação, é o principal "sonho" da nova direção da Associação de Atletas Olímpicos de Portugal (AAOP), disse à Lusa o presidente.
Luís Alves Monteiro, que esteve em Los Angeles1984 no pentatlo moderno, sucedeu a António Gentil Martins em dezembro de 2020 com uma plataforma que visa valorizar os atletas olímpicos, sob o mote "para os atletas, pelos atletas, para a sociedade".
"A Casa do Atleta Olímpico é o nosso sonho. É onde queremos congregar todo este espírito de entreajuda e solidariedade olímpica, dando rosto aos atletas", explica o dirigente.
Segundo Alves Monteiro, há já "contactos com câmaras municipais" e com a secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, bem como com o Instituto Português do Desporto e da Juventude, para perceber onde será esse espaço, que se quer, além da vertente social, que tenha também "um museu e uma área de convívio".
"É um projeto para ser concretizado a quatro anos. Vamos ter um espaço intermédio, porque no momento estamos dentro das instalações do Comité Olímpico de Portugal, e queremos criar esta autonomia e sustentabilidade para a associação", revela.
Os problemas sociais, diz o presidente, "são mais do que nunca prementes e precisam de intervenção, quase de um grupo de elite".
"Que melhor grupo de elite, com os valores corretos, do que os atletas olímpicos, quer no ativo quer no pós-carreira?", atira.
Assim, e além de uma função como "exemplos", o objetivo é utilizar estes valores para "passar mensagens", da violência no desporto, "bullying", violência no namoro, racismo a igualdade de género.
Do projeto faz também parte o secretário de Estado do setor, João Paulo Rebelo, desafiado a ser embaixador, e há já várias iniciativas no terreno para concretizar "o propósito de praticar o bem e acrescentar valor", não só aos próprios atletas como à sociedade.
Um desses exemplos é uma parceria com a Associação Corações com Coroa, para levar atletas femininas às escolas para falar sobre violência no namoro e "bullying".
Por outro lado, a capacitação e valorização do percurso destes desportistas, no ativo ou aposentados, é outro desígnio da AAOP, que tem estado a identificar estas pessoas, por mais do que dados demográficos e estatísticos, e tem-nas chamado para o associativismo.
Com cerca de 200 associados, mas a apontar para dobrar esse valor, num universo de cerca de 600 atletas olímpicos vivos, pretendem "qualificar" e valorizar, uma vez que "a entrada no mercado de trabalho" é muito difícil para muitos, quer pela falta de estudos quer pelo "excesso de competitividade e perfeccionismo" que trazem.
Bolsas de estudo e cursos de formação profissional, comenta, fazem parte dos projetos, uma vez que o objetivo é "plantar as sementes de uma árvore", sem se preocuparem com "sentar por debaixo da sombra".
Para esse papel de visibilidade e de valorizar quem dedicou "grande parte da vida" ao movimento olímpico, ao desporto e à representação do país, contribui um "desafio giro" que a associação lançou, ao publicar vídeos de atletas que falam de si e dos Jogos, antes de desafiarem outros, com cerca de 80 já divulgados.
Reconhecendo que há atletas olímpicos que passam dificuldades, estão no desemprego ou têm outros problemas, o que não é exclusivo de Portugal, Luís Alves Monteiro gostaria de ver um apoio mais concertado para estes desportistas.
Integram um grupo de trabalho com o Comité Olímpico de Portugal e a Comissão de Atletas Olímpicos, para atletas em atividade, e querem lutar para "colocar alguns direitos adicionais" na lei.
A nova equipa diretiva conta com vários atletas olímpicos, sendo que nos órgãos sociais se destaca a antiga campeã olímpica da maratona Rosa Mota, como presidente do Conselho Consultivo.