"Treinaria o FC Porto ou o Sporting. Agora, não sei é se eles quereriam..."
Renato Paiva não esconde o o seu benfiquismo nem o desejo de treinar um dia a equipa principal do clube do coração. Afinal, foram 18 anos de águia ao peito, mas não vê os “rivais como inimigos”
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Poderia ter orientado o Braga, mas ficou no Seixal com a promessa de que iria substituir Bruno Lage.
Ainda sente o impulso de voltar ao Benfica para treinar a equipa principal?
- Nunca escondi que era um sonho. Não apenas pelo trajeto de 18 anos no clube, conheço o clube como a palma da minha mão, mas também pelo meu benfiquismo.
Treinaria o FC Porto ou o Sporting? Esse benfiquismo não o iria prejudicar se um dia Sporting ou FC Porto pensassem em ir buscá-lo?
-Respondendo à primeira pergunta, sim. Treinaria tanto o Sporting como o FC Porto. Agora, não sei é se eles quereriam dadas as minhas raízes. Eu vejo sempre os outros como rivais e não como inimigos.
Luís Filipe Vieira andou a iludi-lo ao dizer-lhe que iria substituir Bruno Lage no comando técnico do Benfica. Chegou a acreditar nessa possibilidade?
-Tenho de contextualizar a história. Isso aconteceu num momento em que há um clube português que me quer contratar, estando eu na equipa B e ainda com contrato com o Benfica e o Bruno Lage na equipa principal. Eu queria sair nesse momento porque era um grande projeto para mim...
De que clube se tratava?
-Sporting de Braga.
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-Naquele momento, o presidente disse-me: “Vais ficar aqui, trabalhas bem com o Lage, tens um forte conhecimento de tudo e da forma como queremos a equipa e quando o Lage sair poderás ser tu a ocupar o lugar dele.” Ora, quando as coisas correm mal ao Lage e ele é despedido, nunca pensei que seria eu o treinador. Às vezes, as pessoas deturpam tudo. Por duas razões: o Lage tinha vindo da equipa B e eu também era treinador da equipa B. Substituir um treinador da equipa B por outro da equipa B daria logo barulho. O que me custou a aceitar é que mediante esta promessa do presidente - o Jorge [Jesus] só chegava no final da época -, tínhamos ali três meses em aberto para alguém pegar na equipa e ainda havia a final da Taça de Portugal contra o FC Porto... Perante este cenário e tendo como base aquela promessa, penso que deveria ser eu a assumir a equipa até ao final da época.
Ficou magoado com Vieira?
-O presidente explicou-me e disse-me que o Veríssimo era adjunto do Bruno e ele queria dar uma perspetiva de continuidade e, por outro lado, não interromper o trabalho que eu estava a fazer na equipa B. Eu disse ao presidente que depois do que me tinha dito e tendo impedido a minha saída para o Braga, deveria ser eu a comandar a equipa principal naquele momento e disputar a final da Taça. Não aconteceu... paciência.
Mas sentiu-se enganado?
- Senti-me magoado e ninguém pode ficar ofendido por me ter sentido magoado com a situação.