Presidente da Liga Portugal só aceitou a liderança da European Leagues por poder acumular cargos. Nos próximos tempos, diz, o futebol nacional terá grandes desafios
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Pedro Proença conversou com as direções dos três jornais desportivos, revelando que na Liga Portugal tem a sua “cadeira de sonho”. Centralização dos direitos televisivos e redução dos impostos são bandeira do dirigente.
Nomeado presidente da European Leagues até 2025, Proença diz que foi apanhado de surpresa, não escondendo que é um sinal de orgulho. E elogiou o trabalho extraordinário dos clubes nacionais.
Como surgiu a hipótese desta eleição?
-Fui apanhado de surpresa. Tinha colocado como condição para eventualmente aceitar este convite o facto de poder continuar com a minha função como presidente da Liga, porque temos nos próximos tempos dossiês dos quais não me queria libertar e que são fundamentais: a questão da centralização dos direitos e a tentativa de redução de custos de contexto junto da tutela. É um sinal de orgulho e reconhecimento. Na última cimeira escutei os clubes sobre esta temática e todos eles disseram que, havendo essa oportunidade, era fundamental que a aproveitássemos. Isto acontece pelo trabalho que os clubes têm feito, um trabalho extraordinário.
“A primeira Liga que me propôs, foi a italiana, o seu presidente”
Quem propôs o seu nome?
- A primeira liga que me propôs, e fiz esse agradecimento, foi o presidente da liga italiana. E depois todas as outras grandes ligas se seguiram, porque concordaram.
Os impostos continuam a preocupar os clubes...
-Uma das nossas lutas é ter algumas despesas de IVA redutível, como por exemplo as viagens das equipas. Há um conjunto de matérias fiscais que fazem com que percamos competitividade. Estamos a falar de uma indústria que representa cerca de 0,3% do PIB [Produto Interno Bruto], paga mais de 600 milhões de euros de impostos e que continua a ser tratada de forma discriminatória.
Não acha um pouco ambicioso dizer que a prioridade vai ser a gestão do futebol português?
- Quando cheguei à Liga, este quadro era composto por 23 profissionais. Hoje, somos 450. A Liga conseguiu, felizmente, criar condições de sustentabilidade. Houve um presidente que me convenceu a tomar esta decisão, que me disse: “O presidente da Liga não pode fazer isto aos clubes profissionais”. Foi esse momento que me fez acreditar que não podíamos rejeitar esta oportunidade.
"Sempre contra as Superligas"
Qual é a sua posição sobre a Superliga? As ligas domésticas vão ser preservadas?
-Estaríamos sempre contra essa Superliga. O futebol não pode ser só de elite. Se não percebermos essa pirâmide,que quem alimenta as competições internacionais são as ligas nacionais e locais, se de repente deixarmos que só essa elite viva com uma distribuição de riqueza, tudo se vai se desestruturar. Portanto, a nossa luta será sempre contra estas Superligas. Há que manter esse equilibro, não é possível deixar que um conjunto de clubes receba 50 por cento da riqueza a produzida pelas competições internacionais, deixando à margem os outros clubes. Seria uma liga fechada; o sucesso do futebol europeu é a possibilidade de promoção e despromoção. Abdicar deste princípio, um princípio desportivo, é fechar o acesso a equipas médias e pequenas a essas grandes competições.
“Arábia? A atitude é aberta”
Qual a perspetiva quanto ao fenómeno de ligas que ameaçam a competitividade europeia, como a Liga saudita?
- Temos de ter uma atitude aberta relativamente a isso. No caso concreto da Liga Portugal temos um modelo de negócio definido, criadora de talento e alimentadora das Ligas. Desde que as coisas sejam reguladas e não exista doping financeiro, não nos opomos. Estamos num projeto de internacionalização e vivemos do mercado global.