"Um clube como o Osasuna tem direito a receber receitas da Liga dos Campeões"
Opinião de Javier Tebas, que defende que as receitas provenientes das competições europeias deveriam ser distribuídas por todas as equipas dos campeonatos representados
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Javier Tebas, presidente da LaLiga, defendeu esta terça-feira que o novo formato da Liga dos Campeões apenas veio aumentar a “distância” entre os clubes grandes e os restantes dos respetivos campeonatos, apelando assim a um novo modelo de distribuição das receitas provenientes das provas europeias.
Em entrevista ao diário alemão “Süddeutsche Zeitung”, o líder da liga espanhola considerou, entre outras medidas, que todos os clubes dos campeonatos representados em provas como a Champions deveriam receber uma porção dos lucros gerados com a participação das respetivas equipas.
“A distância entre os poucos clubes grandes e os clubes mais pequenos é cada vez maior. Só temos de ter em conta que a grande maioria dos 36 participantes geram receitas muito maiores com a Liga dos Campeões do que com as suas competições nacionais. O Liverpool até agora ganhou 99 milhões de euros na Liga dos Campeões. O Young Boys, último classificado da [fase regular da] Liga dos Campeões, recebeu 29 milhões de euros, enquanto o Manchester United, na Liga Europa, recebeu 22 milhões. O vencedor da Liga Conferência só recebeu oito milhões. Noutras palavras, as receitas concentraram-se numa só competição. Esse dinheiro servirá para que jogadores que já têm cinco Ferraris paguem outro”, começou por apontar.
“Já se pode observar uma canibalização dos direitos televisivos da Liga dos Campeões. Tomemos como exemplo os Países Baixos ou a Bélgica, onde as receitas caíram 20 por cento. Em Itália foi dez por cento. A Alemanha apenas manteve as suas receitas, mas se tivermos em conta a inflação, foram menores. Inglaterra também, ainda que tenha oferecido os direitos para 200 jogos adicionais. O que se passa com a UEFA? Conseguiram aumentar as suas receitas na Liga dos Campeões”, acrescentou.
“Precisamos de falar, também com a UEFA, sobre a distribuição do dinheiro gerado na Europa. O meu argumento é que as ligas nacionais são uma espécie de classificação para a Liga dos Campeões. São a coluna vertebral do futebol europeu. Um clube como o Osasuna tem direito a participar nas receitas da Champions, porque é uma parte necessária da pré-classificação para a Champions. Não pode ser aceitável que, numa liga, a primeira equipa ganhe cinco vezes mais dinheiro, pelas receitas televisivas, do que a última. Está em jogo a competitividade interna das ligas nacionais”, vincou.
Tebas guardou ainda uma última crítica para Florentino Pérez, considerando que o presidente do Real Madrid só defende a introdução da Superliga Europeia para poder superar o legado do lendário Santiago Bernabéu, acusando-o também de querer “controlar” a competição.
“O que procura Florentino com a Superliga? Em primeiro e o mais importante, superar Santiago Bernabéu, que foi um criador chave da Taça da Europa, precursora da Liga dos Campeões, nos anos 50. E depois, preocupa-se em controlar as competições em que participa. O que certamente não o motiva é a ideia de querer salvar o futebol. Ele disse-o com seriedade numa Assembleia, mas nisso só acreditam os mais fanáticos do Real Madrid”, concluiu.