Avançado tinha perdido a alegria e a vontade de jogar devido à hospitalização do tio que o criou e que considerava o seu pai. Don Segundo Tévez acabou por falecer nesse ano
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Carlos Tévez, atual treinador do Independiente, terminou a carreira em 2021, devido ao falecimento do tio que o criou e que considerava o seu pai, Don Segundo Tévez.
Quando Segundo foi hospitalizado, Tévez começou a perder a alegria e a vontade de jogar. Don Segundo acabou por morrer em fevereiro de 2021, aos 58 anos, padecendo de diabetes e obesidade (já depois de ter sido operado, meses antes, a cancro de garganta e de ter estado internado por covid-19).
O pai biológico, Juan Alberto Cabral, faleceu num tiroteio em Fuerte Apache, o perigoso e problemático bairro de Carlos Tévez.
"O meu pai tomava conta de mim sem ter nada a ver comigo. Ele era o namorado da Adriana, que era irmã da Fabiana, que era a minha mãe. Eu era um menino indefeso, que não tinha guia e ele tomou conta de algo que não tinha que tomar. Quando eu tive consciência, ele agarrou-me e disse-me: não sou o teu pai, mas sinto que és meu. O teu pai foi morto. E ele contou-me a história verdadeira. Sempre lhe chamei pai porque, desde que tomei consciência, ele esteve sempre comigo. A minha família, as pessoas do Boca, os meus companheiros de equipa e a equipa técnica fazem com que eu não desista, que continue a lutar, porque cada vez que entro em campo estão a olhar para mim e não os posso desiludir", disse Tévez em tempos, quando Don Segundo estava hospitalizado.
Agora, em entrevista a Juan Pablo Varsky, recorda o momento que levou ao seu adeus ao futebol: "Nesse ano o meu pai ficou doente. Primeiro apanhou covid-19 e depois detetaram-lhe um cancro na garganta. Foi algo muito pesado, ter de vê-lo internado e ter de ir jogar. Lembro-me de ir brincar com o meu velho em estado vegetativo, e logo depois ter de sair e ser o capitão do Boca Juniors. Se perdíamos, a culpa era minha e se ganhássemos os outros ficavam com os louros. Comecei a não encontrar sentido em jogar futebol e aquele ano foi muito difícil para mim. Quando o meu pai morreu, eu disse 'porquê continuar?' Não aguentava mais. Já não encontrava sentido na minha carreira, em continuar a treina. Foi aí que decidi parar. Quando marcava um golo ou jogava bem, no intervalo começava a chorar. Os meus colegas sabiam muito bem da situação. Tinha que secar os olhos e ir para a segunda parte como se nada tivesse acontecido. Hoje, se me convidarem para jogar, não vou, não vou calçar as chuteiras. Mas se for com cerveja e churrasco, sim."