Siqueira retirou-se aos 30 anos: "Até hoje, não posso jogar futebol com amigos"
O antigo lateral-esquerdo do Benfica retirou-se do futebol em 2017, com apenas 30 anos, devido a uma lesão grave num tornozelo
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Guilherme Siqueira, antigo lateral-esquerdo que passou pelo Benfica na época 2013/14, revelou esta quinta-feira que continua sem poder jogar futebol até aos dias de hoje, fruto da grave lesão num tornozelo que o obrigou a retirar-se em 2017, com apenas 30 anos.
“Para que se tenha uma ideia, até aos dias de hoje, não posso jogar futebol com amigos nem fazer nenhum desporto de impacto. A única coisa que faço é andar de bicicleta ou nadar. Tenho uma lesão numa cartilagem importante desde os 18 anos, quando cheguei a Itália. Quando estava no Valência [último clube que representou, entre 2015 e 2017], tentei treinar e jogar, mas a lesão já estava demasiada avançada. Piorei-a muito e tinha vindo a agravar-se. Mas este tornozelo deu-me muito e não me posso queixar. É verdade que ainda me restavam cinco ou sete anos a um nível alto quando me retirei, mas o ‘homem de cima’ [Deus] não quis que assim fosse. Ainda que não tivesse sido fácil sair [do futebol] aos 30 anos, superei-o mentalmente e estou muito bem”, explicou, em entrevista ao jornal As.
Com base nesse cenário, o antigo defesa brasileiro, que também passou por clubes como Inter, Lázio, Udinese, Granada e Atlético de Madrid antes de pendurar as chuteiras no Valência, aproveitou para explicar aos adeptos do emblema “che” a razão de nunca se ter conseguido afirmar no clube.
“O meu rendimento no Valência foi abaixo do esperado, mas se os adeptos soubessem o que fiz para treinar e jogar a cada domingo, o meu esforço seria reconhecido e eu seria um pouco mais respeitado”, começou por atirar, antes de elaborar.
“Eu cheguei ao Valência depois de competir no Atlético e, na minha primeira semana, sofri uma entorse no tornozelo num treino. Poucos dias depois, tínhamos um jogo com o Bétis e eu não quis dizer aos médicos nem ao treinador, para não ficar em casa. Fui com uma dor incrível e, ao minuto 40, tive de pedir para ser substituído. A partir daí, começaram os problemas. Eu fazia até três sessões de recuperação por dia e entendia que a entidade precisava de ganhar e que os adeptos queriam rendimento, mas não consegui estar nesse nível. Apesar disso, nunca me faltou a vontade de ajudar e sempre me preocupei com o clube. Só as pessoas de Valência e os meus colegas sabem o ano que passei com infiltrações, tratamentos... Mas não podia lutar contra o meu corpo. Teria gostado que a minha passagem pelo Valência tivesse sido diferente”, lamentou.
Siqueira despediu-se do futebol após ter feito apenas 26 partidas ao longo de duas temporadas no Valência. Já na sua passagem pela Luz, onde chegou por empréstimo do Granada, registou um golo e uma assistência em 33 jogos, vencendo um campeonato, uma Taça de Portugal e uma Taça da Liga.