ENTREVISTA, PARTE II - Central agora do Manchester City marcou Filipe Çelikkaya quando se cruzaram na formação do Benfica
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Trabalhou com inúmeros jogadores tanto nas camadas jovens como a nível sénior. Qual foi o que mais o marcou?
-Gostei muito de trabalhar com o Rúben Dias, mesmo em tenra idade, porque apresentava valores dentro dele que não eram normais para a idade. Era muito tímido, mas muito consciente do seu talento, muito trabalhador e focado no que queria. Gostei muito, muito mesmo. E é giro porque hoje é um jogador de referência em termos mundiais que joga se calhar na melhor equipa do mundo e mantém o mesmo padrão.
Tinha a mentalidade certa?
-E isso é considerado talento. E às vezes as pessoas pensam que o talento é só a parte técnica da ação, de receber a bola e passá-la ou driblar um jogador e fazer o golo. Isso também é talento, como é óbvio. Mas estes talentos que são menos visíveis só quem trabalha diretamente com eles é que consegue perceber isso. E é engraçado, porque quando estava no Shakhtar Donetsk, a jogar competições europeias e com alta exigência, via muitos comportamentos diários naqueles jogadores de uma humildade e de uma dedicação ao trabalho extrema. Se nós queremos atingir aqueles patamares e aqueles que têm essas qualidades têm esses valores, então é para lá que todos têm de trabalhar.
Há diferença na forma como os mais jovens projetam hoje a carreira?
-Temos de olhar para a sociedade para perceber o futebol. É muitas vezes o espelho da sociedade, hoje em dia há uma distração significativa, de telemóveis e de outras coisas que não existiam há 20 anos. Toda a gente tem acesso ao jogador através do telefone e eu posso chegar ao final do jogo e dizer a esse jogador que jogou muito mal e que não cumpriu as tarefas mas ele tem 100 mensagens no telefone a dizer que jogou muito bem. Há aqui muitas vezes um conflito de opiniões que pode inviabilizar em determinado momento o pensamento do jogador.