Rúben Amorim, treinador do Manchester United, deu uma entrevista à televisão britânica Sky Sports na véspera do jogo deste domingo (16h30) frente ao rival Manchester City, em Old Trafford, a contar para a jornada 31 da Premier League
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Manchester United continua a sofrer golos primeiro e a "perdoar" no último terço: "Se olharmos para a nossa época, vemos que melhorámos nesse aspeto porque estamos mais concentrados. Mas de cada vez que nos desligamos um pouco - e podem ver o golo contra o Nottingham, foi isso, desligámos. Há um canto, temos jogadores para a segunda bola e depois sofremos um golo e o jogo muda. É algo que trabalhamos todos os dias, em todos os exercícios. Não importa se é um exercício de passe, eles precisam de estar concentrados. É isso que tentamos fazer. E depois, no ataque, tentamos colocar os jogadores nessa posição muitas vezes durante o treino. Mas também precisamos de tempo para isso. Por vezes, precisamos de um pouco de sorte, porque quando estamos a rematar e não é o guarda-redes [a negar-nos], é a defesa. Claro que não nos podemos esconder atrás disso. Mas também compreendo, porque fui jogador de futebol e sou treinador, que às vezes é só preciso um remate para conseguir marcar. Neste momento, temos de fazer muitas coisas."
É uma questão psicológica? "Penso que precisam de passar mais tempo nessa posição, porque não tivemos muitos jogos como o de Nottingham, só a atacar. Temos de passar mais tempo nessa posição. E também nesse momento, se olharmos para Rasmus (Hojlund) e Josh (Zirkzee) e Garna (Alejandro Garnacho), eles querem isso, tentam rematar - especialmente Garna. Eles querem muito, mas nós não estamos a fazer as coisas com a qualidade que eles deviam fazer. Por isso, às vezes é difícil de explicar, porque temos as situações, toda a gente sabe onde o Garna quer colocar a bola, mas falta alguma coisa e talvez seja apenas o momento dos jogadores."
Mudar o "chip" para defrontar o Manchester City: "Basicamente, é tudo no treino. Explica-se e depois faz-se um exercício, de forma muito clara. E eles são jogadores profissionais, são inteligentes e compreendem que contra o Nottingham se pode pressionar de uma certa forma, mas vão tentar fazer uma transição. Sabemos que o Manchester City vai trabalhar a bola, vai empurrar-nos para um bloco mais baixo. Mas depois temos de perceber que, quando nos pressionarem, teremos um espaço diferente para atacar, se compararmos com os jogos do Nottingham. Por isso, tentamos aproveitar o treino para nos adaptarmos a uma realidade diferente."
Quais foram as melhorias na equipa? "Estamos mais fluidos, nota-se mais isso. Vê-se que conseguimos manter a bola. Criamos mais oportunidades. Vê-se que os jogadores compreendem muito bem a posição. Vê-se que os laterais estão mais ofensivos, com mais coragem, mais bravura no último terço, vê-se que o (Patrick) Dorgu e o (Diogo) Dalot estão a finalizar o jogo. Estamos a controlar melhor todas estas coisas, as transições com os três defesas. Portanto, os pequenos pormenores que por vezes são difíceis de ver, mas vejo os jogos umas três vezes, vejo os treinos e percebo que estão a melhorar."
O mercado de verão: "Penso que é fundamental. Penso que estamos a tentar fazer tudo o mais rapidamente possível. Se olharmos para o calendário das equipas, não vamos ter o Mundial de Clubes, o que significa que vamos ter uma pré-época. Se olharmos para os próximos anos, vamos ter um Campeonato do Mundo e depois um Campeonato da Europa. Por isso, esta janela vai ser muito importante para trabalhar a nossa base. Penso que é claro para toda a gente aqui que vai ser crucial e temos de tirar partido disso. Não vamos ter uma próxima pré-época. Não vai ser assim. Por isso, temos de fazer tudo o que for possível o mais rapidamente possível para estarmos preparados para o início da pré-época depois de uma época como esta. Temos de mostrar alguma coisa. Isso não é um debate. Por isso, não quero essa conversa de que precisamos de muito tempo. Precisamos de tempo, talvez para ganhar o campeonato, mas temos de melhorar muito depois desta época."
O que procura no mercado? "Não vou falar disso agora porque tenho os meus jogadores e sei que os meus jogadores estão a ouvir. Só quero melhorar os meus jogadores, porque há muitas qualidades e tenho de os ajudar a serem melhores. Mas, claro, tenho uma forma de jogar diferente da do anterior treinador, pelo que tenho de escolher algumas caraterísticas que não temos na equipa."
É mais importante melhorar o que se tem em casa do que contratar fora? "Penso que está tudo ligado. É preciso ser muito bom em todos os sectores, sobretudo neste campeonato. É preciso ser muito bom nos relvados. Temos de melhorar os nossos jogadores, mas também, especialmente nos momentos que o nosso clube atravessa, as contratações podem mudar a forma como avançamos e podem ser cruciais. Por isso, quando falo em recrutamento, não se trata apenas dos grandes nomes e de gastar muito dinheiro. Por vezes, é o jogador de 17 anos que está noutro clube de topo e já terminou o contrato e podemos usar a marca Manchester United para trazer esse miúdo. Por vezes, o recrutamento significa prestar atenção a estes miúdos que têm muito talento, mas que não têm espaço nos diferentes clubes para tentar trazê-los para cá. E depois a academia, que estamos a melhorar. Como se pode ver, temos alguns jogadores com qualidade, que não é recrutamento, mas é muito importante para nós. Portanto, está tudo ligado. Melhorar os jogadores que temos. Ir para fora e olhar para dentro também para trazer alguns jovens".
Contratação de Ayden Heaven é um excelente exemplo? "Sim. E temos de dar crédito ao Jason (Wilcox - diretor técnico do Manchester United). O Jason fez um ótimo trabalho. Está a prestar atenção a esses pormenores. O Ayden é um miúdo que chegou aqui, trabalhou muito bem e depois, com algumas lesões, teve a oportunidade e mostrou muitas qualidades. Portanto, isso também pode mudar o recrutamento. Se estivéssemos a pensar “o Licha [Lisandro Martinez] está lesionado, precisamos de um defesa-central canhoto”, mas agora temos este miúdo, podemos poupar dinheiro para outra coisa. Portanto, isso é muito importante e a porta está aberta para os jovens."
A pressa de ser bem sucedido e a pressão: "Sim, acho que é o meu trabalho e que também me conheço muito bem. Não posso passar muito tempo a meio do caminho. Eu conheço-me, não vou aguentar este tipo de vida [não estar a vencer]. Por isso, sou a favor e acho mesmo, mesmo, que no futuro podemos ganhar a Premier League. Não sei quando, vai levar tempo - vê-se o clube neste momento - mas quero colocar essa pressão sobre mim próprio, porque não vou ficar no meio-termo e tentar usar desculpas. Isso não está em mim. E sei que não vou aguentar este tipo de vida."