Ronaldo Nazário admite ter sofrido de depressão: "Na minha altura não havia nada disto..."
Declarações de Ronaldo Nazário, antigo internacional brasileiro que concedeu uma entrevista ao jornal Marca no âmbito do lançamento do seu novo documentário: "O Fenómeno: a ascensão, caída e redenção de Ronaldo", produzido pelo DAZN.
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A conquista do Mundial de 2002 foi a maior da sua carreira? "Sem dúvida. Neste caso, não foi só um triunfo desportivo, por causa de todas as coisas que tive de ultrapassar para estar lá, por causa de todo o drama que enfrentei nos anos anteriores: lesões, o drama de 1998, perder a final [do Mundial desse ano] depois de ter tido uma convulsão... Em termos desportivos foi maravilhoso, um sucesso total, éramos uma equipa que jogava com milhares de mecanismos e sincronismos. Parecia que jogávamos juntos há anos, não uma equipa que tinha tido tantas dificuldades para se qualificar".
Estava a 100% na final de '98? "Creio que era 100% do que tinha. Tentei dar 100% de mim em cada partida. O futebol é muito mais simples do que a gente o pinta: para que um perca, outro tem de ganhar. Aceito as derrotas tal como celebro as minhas vitórias e, naquele dia, a França foi superior e há que aceitá-lo, aprender com os erros e olhar para a frente, tentando melhorar".
Trocava algum dos seus Mundiais por uma Liga dos Campeões? "A grande história da Liga dos Campeões e a sua importância são verdadeiras, mas um Mundial afeta um país inteiro. Os espanhóis venceram em 2010 e têm a comparação perfeita [Real Madrid é o campeão em título da Champions]. Duvido completamente que prefiram a Liga dos Campeões ao Mundial. É até uma comparação injusta, porque uma competição é entre nações e a outra entre clubes, são igualmente bonitas. Não mudava nada na minha carreira. É verdade que é uma pena nunca ter vencido a Liga dos Campeões, mas sou feliz e orgulhoso de tudo o que conquistei. Não acho que seja possível atingir tudo, apesar dos exemplos de pessoas que venceram muito mais do que eu, mas não tudo".
No documentário fala de depressão com Roberto Carlos. Chegou a sofrer da doença? "Sim, hoje em dia faço terapia. Levo dois anos e meio e entendo muito melhor, incluindo o que sentia dantes. Sou de uma geração em que te tiravam de campo e tinhas de fazer o melhor, sem a mínima possibilidade de drama. Olho para trás e sim, estivemos expostos a um stress mental muito grande e sem nenhuma preparação para isso. Também porque foi o princípio da era da internet, com a velocidade a que viajam as informações. Nesse período, não havia nenhum tipo de preocupação com a saúde mental dos jogadores. Hoje é muito mais preparada, é alvo de uma atenção médica necessária para se conseguir enfrentar o dia a dia. Estuda-se muito mais os jogadores, o perfil de cada um, como reagem e como deveriam reagir. Na minha altura não havia nada disto, infelizmente, porque é sabido que a vida no futebol te pode colocar sob muito stress e isso ser determinante para o resto da tua vida".
Favoritos para o Mundial de 2022? "O Brasil vai ser sempre favorito. Com o talento que temos, devemos ser protagonistas. É certo que os europeus estão a jogar muito bom futebol, muito dinâmico, atrativo e agressivo. Vai haver uma clássica e histórica competição entre europeus e sul-americanos. Brasil e Argentina representam muito bem o nosso continente, mas os europeus ganharam todos os Mundiais desde 2006... Vai ser lindo. França, Alemanha, Espanha, Brasil, Argentina, sem nenhuma ordem. Poria todos estes com grandes possibilidades de triunfo".
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