Em causa o aumento de jogos resultante do novo formato das competições europeias e do Mundial de Clubes
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Rodri, médio-defensivo do Manchester City, aproveitou esta terça-feira a conferência de imprensa de antevisão ao jogo que o tetracampeão inglês terá em casa com o campeão italiano Inter (quarta-feira (20h00), na jornada inaugural da Liga dos Campeões, para deixar um aviso sério à UEFA e FIFA.
Com base no aumento de jogos resultante das reformulações das provas europeias e do Mundial de Clubes, o médio alertou que, de um modo geral, os jogadores de alto nível já começaram a ponderar fazer greves para protestar contra este progressivo adensamento do calendário desportivo.
“Penso que estamos perto disso. Na opinião geral dos jogadores, se isto continuar assim, não teremos outra opção. Penso que é algo que realmente nos preocupa, somos nós que sofremos”, começou por vincar, argumentando que este aumento de jogos, para além de prejudicar o nível físico dos jogadores, diminuiu a qualidade dos jogos em que participam, fruto do cansaço.
“Pela minha experiência, posso dizer que 60 ou 70 jogos [numa época], não. Entre 40 e 50 é a quantidade de jogos em que um jogador consegue exibir-se ao mais alto nível. Depois disso baixam porque é algo impossível de sustentar em termos físicos. Este ano, vamos talvez até aos 70 ou 80. Na minha humilde opinião, é demasiado”, apontou.
Nesse sentido, o médio de 28 anos, que foi nomeado para a Bola de Ouro de 2024 depois de um verão em que se sagrou campeão europeu por Espanha, explicou o porquê ter tido direito a férias extra, abdicando da pré-época no Manchester City para só agora ser opção para Pep Guardiola.
“Alguém tem de cuidar de nós, porque somos os protagonistas deste desporto ou negócio, como lhe queiram chamar. Nem tudo é sobre dinheiro ou marketing, é também sobre a qualidade do espetáculo. Na minha opinião, quando não estou cansado, exibo-me melhor. Se as pessoas querem ver um futebol melhor, então precisamos de descanso”, refletiu.
“Hoje em dia, é ainda mais importante fazer este tipo de coisas [férias extra] em vez de chegar cedo para a pré-época. Penso que o futebol está a mudar nesse sentido. Isto ajuda-me a fazer uma pausa. Não vejo muito futebol e claro que vi o City quando começou a pré-época, mas tentei desconectar-me o máximo possível. A saúde mental é importante, temos de libertar a mente e seguir em frente”, concluiu.