Roberto Bonano recordou, numa entrevista ao "Relevo", o antigo guarda-redes alemão, que representou o Benfica entre 1999 e 2002.
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A morte trágica de Robert Enke ocorreu há quase uma década e meia – o suicídio deu-se a 10 de novembro de 2009 –, mas o antigo guarda-redes alemão do Benfica – passou pela Luz entre 1999 e 2002 – continua a ser recordado.
Roberto Bonano, que partilhou o balneário com o guardião germânico no Barcelona, falou sobre o momento em que soube que Robert Enke tinha colocado um fim à própria vida.
"Para mim, foi muito amargo receber a notícia da morte do Enke. Foi estranho porque partilhámos um ano juntos no Barcelona. Eu sabia que ele estava a passar por um mau momento, mas pensava que era devido a um problema desportivo. Ele chegou como uma estrela a Portugal, pensou que viria para ser titular e não foi. Depois, quando chegou a sua vez de jogar na Taça do Rei, com um resultado adverso [derrota por 2-3 com o modesto Novelda], não teve um bom desempenho. A equipa perdeu e ele sofreu muito", relembrou, numa entrevista ao "Relevo".
Atualmente com 54 anos, Roberto Bonano era, na altura, titular da baliza do conjunto blaugrana, com Robert Enke a desempenhar o papel de suplente.
"Achei que era o seu carácter, que era difícil para o alemão comunicar, num país novo, e ele não falava muito bem a língua. Nenhum de nós sabia dos seus problemas pessoais e isso irritava-me porque muitas vezes partilhava o quarto com ele nos estágios e nunca falámos de uma maneira que ele me pudesse contar alguma coisa. Talvez não houvesse muito que pudesse fazer, mas podia recomendar-lhe que falasse com alguém", lamenta o antigo guarda-redes argentino, que encerrou a carreira em 2008, ao serviço do Alavés.
Roberto Bonano confessa que, hoje, ainda não consegue compreender como foi possível ninguém ter reparado na depressão que dominou Robert Enke.
"Surpreende-me que o seu empresário também não soubesse, que a sua mulher não o tivesse tornado público mais cedo para o podermos ajudar. Mas bem, é sempre difícil transferir as fraquezas para os outros quando se está num ambiente em que é preciso mostrar-se sempre forte e não vulnerável. Decidiu suicidar-se no melhor momento da sua carreira, era a estrela do Hannover, havia rumores de que ia regressar à seleção alemã. Foi muito estranho e todos os anos, quando chega a data da sua morte, há sempre pessoas que me fazem lembrar dele. Lembro-me sempre da sua mulher, que criou uma fundação para ajudar pessoas que possam estar a passar pelo mesmo", afirmou, emocionado.