Treinador português foi insultado por adeptos na sequência de uma substituição no empate do Botafogo diante do São Paulo, mas defendeu essa mudança após o jogo e disse também estar "revoltado", pois sentiu que o campeão brasileiro merecia sair com a vitória
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O Botafogo, treinado por Renato Paiva, empatou na madrugada desta quinta-feira 2-2 na receção ao São Paulo, que teve Cédric Soares a titular, com o treinador português a ter sido insultado por adeptos da própria equipa na segunda parte, na sequência de uma substituição.
Após a partida da quarta jornada do Brasileirão, em que o campeão em título segue na décima posição, a cinco pontos dos líderes Flamengo e Palmeiras, de Abel Ferreira, o técnico português defendeu essa alteração e compreendeu a frustração dos adeptos, mas também se disse “revoltado” com o resultado, por considerar que o “Fogão” merecia a vitória.
“A massa adepta tem o direito de se manifestar, um direito democrático e público. O treinador tem de saber viver com isso, mas o treinador tem de saber das decisões que toma em consciência. Nós estávamos a perder 2-1, o Gregore é mais defensivo do que o Marlon e aquilo que me interessa é levar a equipa para a frente quando entendo que o adversário está cada vez mais recuado, cada vez mais com menos jogadores na frente e cada vez mais jogadores dentro da sua área. Portanto, não me interessa ter dois centrais, um médio mais defensivo e dois laterais que muitas vezes são dois extremos”, começou por justificar, em conferência de imprensa.
“Tomo as decisões pelo conhecimento que tenho dos jogadores, da minha experiência de vida e da forma como leio o jogo. Criticarem antes é um facto. Depois, a verdade é que eu acho ser unânime que a equipa melhora depois das substituições. Acho eu, na minha visão, que o volume de jogo acentuou mais, o critério de posse melhorou, fomos mais verticais e continuámos a gerar mais situações. Portanto, a massa adepta é soberana, tem direito a manifestar-se e ponto final, parágrafo. É a vida de um jogador, de um técnico, de um presidente, de quem anda nesta vida profissional. Os adeptos estão revoltados com o resultado? É óbvio, porque querem ganhar, como nós também queremos. Nós também estamos revoltados. Podemos olhar para este jogo e dizer assim: ‘Fizeste um número de finalizações suficientes para ganhar esse jogo e não ganhaste”. Isso é que me deixa triste e me leva para casa”, prosseguiu.
Reforçando a sua crença de que o Botafogo merecia vencer pelo volume ofensivo que apresentou no jogo, com um total de 23 remates (oito à baliza) contra 14 (quatro enquadrados) do “Timão”, Paiva garantiu assim que a sua equipa continuará a trabalhar na eficácia, não se mostrando preocupando com qualquer tipo de “pressão” pela contestação que recebeu das bancadas.
“Com todo o respeito a outros clubes, prefiro pegar num clube que vem de ser campeão em várias competições e que vai continuar a lutar por isso, não garantindo que o vá ser, do que um clube que luta para não ser despromovido ou sem aspiração, por história ou plantel. Disse logo no início que sabia para o que vinha. É a herança e eu aceito isso de corpo e alma. Estamos no início, as contas fazem-se no fim. Estou tranquilo. Os adeptos estão no seu direito, manifestam-se quando não ganham. Nós também levamos nossa quota de tristeza e frustração por não ganharmos”, concluiu.