Rafael Leão revela conversa dura com Maldini: "Jogas pelo teu Instagram, isso tem de mudar"
Rafael Leão escreveu uma autobiografia intitulada "Smile" [Rir] e a televisão italiana Sky Sport divulgou alguns excertos esta quarta-feira
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Título da autobiografia: "Sorrio, porque Deus me deu um dom incrível e, até agora, o trabalho que fiz - porque trabalhei muito - foi recompensado com este sucesso".
Sonhos: "O primeiro é ganhar o Campeonato do Mundo com Portugal, o segundo é ganhar a Liga dos Campeões."
Relação com o treinador Stefano Pioli: "No início, com Pioli, não estávamos em sintonia. Lembro-me de uma das suas conferências de imprensa que me irritou, em que disse coisas que, na minha opinião, não devia ter dito, que devia ter discutido previamente com a equipa. Demorou algum tempo até percebermos como nos relacionar um com o outro, mas entretanto ele teve a capacidade de encontrar a melhor forma de jogar para mim e para a equipa. O segredo era encontrar uma forma clara e direta de falarmos uns com os outros. Agora temos uma boa relação e a razão é que eu confio nele e ele confia em mim. Sou um dos jogadores que esteve mais tempo no gabinete dele, mas também o que jogou mais minutos em cada uma das últimas épocas. Penso que as duas coisas estão ligadas."
Relação com Marco Giampaolo, antigo treinador do Milan: "Na minha carreira no AC Milan tive dois treinadores, ou talvez apenas um. Entre mim e o treinador Giampaolo não havia praticamente nenhuma relação, não falávamos um com o outro (...) o treinador não entendia como me integrar em campo e eu tinha uma relação fria com ele; cumprimentos formais nos treinos e nada mais, a dificuldade de comunicação que se somava às dificuldades da equipa em campo. Jogámos mal, eu joguei mal."
O primeiro contacto com Maldini [antigo diretor desportivo do Milan]: "A primeira abordagem com Maldini não foi a mais fácil: assim que chegou, chamou-me à parte e disse: 'Jogas pelo teu Instagram, isso tem de mudar, senão vais continuar a marcar sempre dois golos por época' (...) Ele tinha razão e tinha razão em falar comigo assim. A verdade é que não sei o que aconteceu, sei que de um dia para o outro ele partiu e ficámos todos desalojados. A primeira coisa que ele mudou no balneário foi lembrar-nos que a história extraordinária do Milan não foi graças a nós. A segunda coisa em que ele me ajudou não é técnica, mas mental."
Cruzou-se com Ibrahimovic no balneário do Milan: "Ibra era aquele colega de equipa que tentava mostrar-me que eu podia fazer sempre mais, sempre mais e mais (...) Depois de ganhar o Scudetto, no autocarro de regresso de Sassuolo, Ibra pegou no microfone e fez um comentário sobre cada jogador: disse que eu era o presente e o futuro do Milan."
Racismo em Itália: "Não creio que Itália seja um país racista, nesta nação tornei-me um homem, um grande futebolista e um profissional. Mas penso que as instituições desportivas ainda estão muito atrasadas, o que também acontece no resto da Europa. Transferir constantemente a responsabilidade para o sujeito, perguntando: 'O que é que ele fez para provocar?' é a melhor ajuda que se pode dar a um racista. Aconteceu com o meu amigo Mike Maignan e com Moise, antes disso com Balotelli e vai continuar a acontecer até sabermos o que fazer para o impedir."