Extremo Miguel Cardoso joga há três anos na Turquia e conhece bem o adversário de hoje da Seleção Nacional, que considera o mais forte da fase de grupos. Avisa para o perigo e qualidade de vários jogadores
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Miguel Cardoso tem a experiência de ter jogado em várias divisões e campeonatos. Depois de passagens por Espanha e Rússia e um curto regresso a Portugal, mudou-se para o Kayserispor em 2021. Vai continuar a jogar na Turquia, país cuja seleção hoje mede forças com Portugal.
Da sua experiência no futebol turco, que adversário é este que Portugal vai encontrar?
-Acho que Portugal vai encontrar um adversário com valores individuais muito bons. Nesta nova geração da Turquia, estão a aparecer muito bons jogadores no Galatasaray, no Fenerbahçe... Alguns deles estão a emigrar para outros países, como é o caso do Arda Guler, do Real Madrid. Acho que nos próximos anos a Turquia vai ter uma seleção muito boa com os jogadores desta nova geração. E é uma seleção a ter em conta neste Europeu.
E que características destacaria na forma de eles jogarem?
-Eu penso que vão acabar por jogar mais através das transições. Como sucede no campeonato turco, acaba por ser um jogo mais partido, por assim dizer. Penso que poderá ser muito por aí, ainda que o treinador seja italiano e vai querer defender bem. Este vai ser o jogo mais difícil que a Seleção Nacional vai disputar na fase de grupos. Mas Portugal é Portugal e acho que tem todas as condições para ganhar o desafio.
Do que viu do jogo da estreia da Turquia e do triunfo sobre a Geórgia [por 3-1], quais lhe parecem ser os pontos fortes desta seleção turca a que Portugal terá de prestar maior atenção?
-Os pontos fortes da Turquia são as individualidades que têm, especialmente do meio-campo para a frente. São jogadores com muita qualidade, alguns em grandes clubes da Europa, como Çalhanoglu [Inter] ou Arda Guler [Real Madrid]. Do Galatasaray, o Karem e o Yilmaz são jogadores muito rápidos, que podem fazer a diferença de um momento para o outro. Portugal terá de ser inteligente, possivelmente terá mais bola do que a Turquia e tentará explorar os espaços nas costas da defesa, assim como procurou fazer com a Chéquia. A diferença é que a Turquia tem mais qualidade do que a Chéquia, pelo menos na minha opinião. Mas não tenho dúvidas que Portugal tem todas as condições para poder ganhar o jogo.
E que debilidades poderá Portugal explorar? Parece-lhe que Roberto Martínez deve mudar o onze para surpreender?
-Não sei se Portugal terá mexidas em relação ao último jogo, em que acabou por estar bem, até porque há sempre aquele nervosismo habitual da estreia no Europeu. A Chéquia jogou praticamente sempre com os 11 jogadores no seu meio-campo e foi um jogo de paciência. Portugal acabou por fazer um jogo positivo e mostrou uma grande reação depois de sofrer o golo, que, a meu ver, não era nada merecido por parte da Chéquia. Portugal teve sempre o jogo controlado. Para este segundo encontro, acredito que, mesmo que altere um ou outro jogador, a estratégia passará por ser a mesma, de ter a iniciativa.
Como é viver na Turquia, em Kayseri?
-É uma cidade mais pacata do que Lisboa. Uma cidade que está mais no interior da Turquia, perto da Capadócia, com uma parte turística muito bonita. Mas é uma cidade onde tenho muita facilidade em ir para os treinos, em deslocar-me. Não tenho trânsito nem grandes confusões.
Não é como Istambul...
-Não, não tem nada a ver com Istambul, que é uma cidade lindíssima e muito boa. Mas para o meu dia a dia até prefiro estar numa cidade como Kayseri para poder movimentar-me sem grandes sobressaltos.
“Gosto muito de estar no Kayserispor”
No início de junho, Miguel Cardoso chegou a acordo com o Kayserispor e prolongou a sua ligação ao clube por mais três temporadas, isto é, até 2027. Sinal claro de uma ligação que deixa jogador e clube felizes. “Nestes três anos sempre fui tratado com o máximo respeito. Toda a gente me acarinhou bastante. Desde os adeptos, ao staff e equipas técnicas. Toda a gente no clube gosta muito de mim e eu gosto do clube. A minha família está confortável na cidade. Por isso, só tenho coisas boas a dizer do Kayserispor. Gosto muito de lá estar e veremos o que o futuro me reserva”.