Conselheiro da chanceler Angela Merkel só vê os estádios a reabrirem daqui a um ano, enquanto a subsecretária do ministério da Saúde transalpino disse que só se volta a jogar quando houver vacina
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Enfrentando uma corrida contra o tempo na busca de soluções que permitam aos governos reatar a atividade económica, a comunidade científica tem estado na linha da frente do combate ao vírus e, numa altura em que se começa a discutir um futuro regresso à "normalidade", tem apontado as suas baterias contra o futebol.
Ontem, Gerald Haug, presidente da Academia de Ciências da Alemanha e um dos conselheiros mais próximos da chanceler Angela Merkel, afirmou que a bola só devia voltar a rolar no país em 2021. "Acho que seria muito inteligente manter estádios e pavilhões fechados durante mais um ano ou ano e meio. Sei que há opiniões mais otimistas, mas acho que o futebol e, por exemplo, os concertos não devem recomeçar tão cedo", sublinhou Haug, numa entrevista ao canal ARD. A opinião deste especialista é similar à do conceituado virologista (e compatriota) Jonas Schmidt-Chanasit, que, no início da crise do coronavírus, já tinha classificado de "irrealista" a hipótese de retomar a temporada 2019/20.
Na Alemanha e em Itália, os especialistas não encaram a indústria da bola como prioritária e descartam a retoma das ligas a curto/médio prazo
Em Itália, a liga e o governo vão reunir-se na sexta-feira para debater a fórmula de regresso da Serie A, mas, dentro do executivo, há quem considere que o futebol está bem longe da lista de prioridades da classe política. "Vejo o regresso do futebol como muito difícil e penso que esse debate não é neste momento uma prioridade. Mesmo com jogos à porta fechada, o futebol não deve voltar no espaço de um mês. E, com isso, também penso que nada de catastrófico acontecerá a essa indústria. Só voltaremos a ver estádios cheios quando existir uma vacina", garantiu ontem Sandra Zampa, subsecretária do ministério da Saúde italiano, em declarações à "RaiNews".
"Acho que seria muito inteligente manter estádios e pavilhões fechados durante mais um ano ou ano e meio"
Ainda ontem, Enrico Castelacci, antigo médico da Squadra Azzurra e membro da Comissão Técnica Científica da federação, também apontou a dedo à Lázio após as duras críticas do clube a Gianni Reza, presidente do Instituto Superior Sanitário de Itália, que defendeu o encerramento da temporada. "Tratou-se de uma opinião válida e lógica. É muito cedo para pensar no regresso do futebol, porque ainda há muitas pessoas a morrer diariamente de coronavírus", referiu Castelacci.