ENTREVISTA, PARTE II >> Caso de sucesso lá fora sem nunca ter atingido o topo por cá. Jogar a Champions e lutar por títulos em Portugal é sonho... arrefecido
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Aos 52 anos, sente-se feliz no Brasil e foca-se no presente. O futuro... logo se verá.
Teve um contacto para substituir Abel no Braga, mas estava no gigante mexicano Cruz Azul e recusou. Chegar a um grande português e à Champions ainda faz parte das suas ambições.
Quando nasceu a ideia de treinar um clube no Brasil?
-Não estava muito virado para este campeonato, sou sincero. Tive um contacto com o Fortaleza há algum tempo, mas não me identifiquei muito com o clube e recusei. Depois tive um contacto informal do Bahia e só aceitei este porque tinha como base um projeto de uma empresa que é das melhores do mundo. Os primeiros contactos foram quase há um ano, em novembro fizemos a primeira entrevista e depois a empresa avançou para a seleção do técnico. Felizmente, fui o escolhido.
Tenciona ficar no Brasil ou pensa mudar de ares no final do contrato?
-Assinei por dois anos e estou muito satisfeito. Tenho uma empatia grande com todas as pessoas da empresa, em particular com o diretor geral do grupo, Mário Gomez [antigo avançado alemão]. À boa maneira germânica, está feito um plano para os próximos cinco anos. Isto é planeamento e organização e, como me identifico totalmente com isso, diria que estou encantado com a dinâmica de trabalho e com todo este projeto.
Treinar numa das ligas big-5 não é um sonho que alimenta?
-Aprendi a viver o aqui e o agora. Dou valor ao que é importante e neste momento estou muito feliz. Ainda tenho uma carreira curta, mas já com muitas voltas pelo mundo. Fui muito feliz no primeiro ano no Leiria, onde terminámos a primeira volta em quarto lugar. O primeiro ano no Nacional deu-me um gozo incrível, assim como os três primeiros anos no Santos Laguna, onde conquistámos títulos fantásticos. Voltei a sentir essa satisfação aqui, pois tratam-me e pagam-me bem, a tempo e horas e devo estar grato por me darem a oportunidade.
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Pelo seu trajeto de sucesso no estrangeiro, estranha que nunca tenha treinado um grande em Portugal?
-Quando estava no Cruz Azul recebi um contacto do Jorge Mendes para poder substituir o Abel no Braga, mas não podia deixar o projeto no México. Ter recusado não deve ter agradado ao presidente Salvador, mas naquela altura não podia sair. Creio que essa porta fechou, porque já estive livre mais do que uma vez e o Braga optou por outro técnico. Houve mais uma ou outra abordagem... mas se tiver de acontecer, vai acontecer. Já fui mais obcecado em treinar um grande ou um clube de Champions. Sou ambicioso e alimento esse sonho, mas de momento penso só no presente.
"O sucesso dos técnicos portugueses está à vista"
É uma verdadeira legião de treinadores portugueses no Brasil, o que Pedro Caixinha enaltece. "Este é o primeiro ano em que mais de metade dos técnicos do Brasileirão são estrangeiros. Para isso foi fundamental o trabalho de Jorge Jesus e também de Abel, pela competitividade, regularidade e consistência. O nosso sucesso está à vista. Dos quatro primeiros da tabela, em três há mão de portugueses", elogia, dizendo que procura manter contacto com os compatriotas. "Conhecia alguns, outros não pessoalmente, mas fiquei com ótima impressão de todos. Com Armando Evangelista até trocámos informações sobre adversários", conta.
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