Passou por Benfica, Boavista e não tem dúvidas: "Portugal é favorito a vencer a Sérvia"
Em entrevista a O JOGO, Zoran Filipovic, antigo avançado sérvio que atuou no Benfica e no Boavista, entre outros, aborda o duelo decisivo deste domingo frente a Portugal.
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Disse ontem a um jornal sérvio que Aleksandar Mitrovic pode ser o jogador a desbloquear este jogo a favor da Sérvia. Identifica-se com ele como jogador. Ele é parecido com o tipo de jogador que era o Filipovic?
Não é tão parecido [comigo], é diferente, mais possante, tem maior força física do que eu. É muito bom no contacto físico, não é tão rápido, mas trabalha bem para a equipa, é agressivo e marca golos com os dois pés. Não é tão móvel como eu era. É um jogador diferente.
Mas espera que o Mitrovic seja decisivo?
A seleção não depende do Mitrovic, Pode marcar, com sorte. Quando ele está bem fisicamente costuma marcar sempre. É bom para ele, em termos de projeção, marcar em Inglaterra e especialmente na Sérvia, onde marca golos decisivos. Mas a Sérvia vale pelo seu conjunto. A forma como a Sérvia está a jogar é pelo conjunto. Pode parar Portugal. No aspeto individual, Portugal é mais forte, com jogadores que atuam nos melhores clubes de Inglaterra e da Europa. Há cinco portugueses nas equipas de Manchester, cinco titulares e jogadores decisivos para essas equipas.
Quer que a Sérvia ganhe, suponho...
Sim, é normal [querer que a Sérvia ganhe], é a minha pátria.
A Sérvia tem jogadores muito bons. Kostic, Milinkovic-Savic, Tadic...
Têm experiência internacional, jogam nos principais campeonatos da Europa, é bom a Sérvia ter jogadores assim, a equipa é forte.
Qual destes três é o melhor?
O Tadic é o melhor no aspeto técnico.
E Dragan Stojkovic, chegou a jogar com ele?
Eu fui treinador dele no campeonato do Mundo de 1998, pela Jugoslávia. Ele foi capitão de equipa, eu era o treinador. O selecionador era o Slobodan Santrac e eu era o treinador, digamos assim. Naquela altura era um grande jogador, era o líder da equipa e a entrada dele na seleção como treinador foi positiva. Vê-se pelos resultados, a Sérvia está no topo do grupo e tem a oportunidade de ir ao Catar, mesmo que não ganhe a Portugal. Depois tem o play-off.
É dele o grande mérito desta viragem na Sérvia?
Sim, foi ele que trouxe novidades. Foi ele que deu disciplina e, em simultâneo, libertou os jogadores da pressão que havia sobre eles nos jogos. Conseguiu isso e deu bom ambiente à seleção, que muitas vezes faltou. Não dentro da equipa, mas mais à volta da equipa.
Qual o ambiente que se vive na Sérvia em relação a este jogo? Há mais otimismo ou mais receio?
Digamos que os jornalistas e quem está por dentro do futebol sabem a realidade da qualidade da equipa portuguesa. O conjunto de valores de Portugal faz com que as pessoas digam que vá ser um jogo muito, muito difícil. Portugal é favorito pelas razões que disse há pouco. A Sérvia está a jogar um futebol mais ofensivo, mais arriscado. Portugal é forte, joga em casa e só precisa do empate para se apurar. Teoricamente é favorito.
O futebol português está mais forte agora do que no seu tempo?
É um futebol com condições de trabalho diferentes. As estruturas dos clubes são diferentes, há estádios bonitos, relvados fantásticos, há clubes com infraestruturas muito boas. No meu tempo não havia essas condições. O futebol português cresceu muito e aproximou-se de países mais fortes na Europa. Vê-se pela Seleção, pelos clubes, com Benfica, FC Porto e Sporting a fazerem bons percursos nas competições europeias.
O que está a fazer agora?
Estou na federação, a fazer um trabalhinho mais calmo dentro da federação. Faço observação de equipas, entre outras coisas.
Fez um trabalho de observação à equipa de Portugal?
Sim, e mais olheiros daqui também.
Vem ver o jogo?
Sim, vou a Portugal ver o jogo, vou viajar para Portugal. Vou ficar aí uns tempos. Três semanas.